Funcionários protestam contra desvinculação de hospitais da USP
Projeto do reitor da universidade, Marco Antonio Zago, entregará administração de duas unidades de saúde para secretaria estadual
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Por Redação
Atualização:
Atualizada às 16h13
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SÃO PAULO - Os funcionários da Universidade de São Paulo (USP) fazem um protesto nesta segunda-feira, 25, contra o projeto do reitor da universidade, Marco Antonio Zago, de entregar dois hospitais da instituição - Hospital Universitário (HU/USP) e o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP de Bauru - para a Secretaria Estadual de Saúde. Nesta manhã, os funcionários fizeram um "abraçaço" no Hospital Universitário, na Cidade Universitário, no Butantã, zona oeste da capital, que completa 33 anos nesta segunda-feira.
Os manifestantes seguiram pela zona oeste até a Faculdade de Saúde Pública e a Faculdade de Medicina na USP, ambas nas Clínicas, onde chegaram por volta do meio-dia. "A gente parou na Faculdade de Saúde Pública para questionar o diretor da unidade, que tem demonstrado apoiar Zago", afirmou a diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP Diana Assunção.
Entre os manifestantes estão os alunos da Faculdade de Medicina da USP, que decidiram na sexta-feira, 22, fazer uma paralisação nesta segunda e na terça-feira, 26 - quando o reitor deve apresentar a proposta ao Conselho Universitário da universidade - em protesto contra o projeto da reitoria de desvinculação.
Segundo Diana, o grupo deve seguir para o Cemitério do Araçá, na Avenida Doutor Arnaldo, na zona oeste, onde devem fazer o "enterro de Zago".
Hoje, os médicos do
corpo clínico do hospital elaboraram um documento em que pedem o
adiamento da decisão pelo conselho universitário para possibilitar
maior discussão sobre o tema. “Entende-se que a questão é muito
complexa e merece ser discutida de maneira ampla e profunda,
considerando-se o papel científico-acadêmico do Hospital
Universitário dentro do contexto da Universidade de São
Paulo e como formador de profissionais com alto impacto na qualidade
da saúde da população”, dizem os médicos, em nota.
Greve. Os funcionários da USP estão em greve há 91 dias contra o congelamento de salários e também contra o corte das remunerações durante a greve. Os funcionários contestam a proposta da reitoria apresentada na semana passada aos diretores de unidade da USP, que inclui a desvinculação de dois hospitais universitários, a venda de imóveis da universidade, um plano de demissão voluntária de funcionários e redução de jornada de servidores técnico-administrativos com consequente redução salarial.
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"Devemos convencer e conscientizar cada trabalhador sobre a importância de permanência do Hospital Universitário na USP. Qualquer outro hospital da Secretaria Estadual da Saúde está em situação muito pior", afirmou Claudionor Brandão, outro diretor do Sintusp. "Vinculá-lo à secretaria é sucateá-lo. Se hoje ele tem essa qualidade, é porque pertence à USP. Isso vai resultar em prejuízo aos trabalhadores e à população."
Faculdade de Medicina. Na sexta-feira passada, os alunos da Faculdade de Medicina fizeram uma assembleia que contou com a presença de cerca de 450 pessoas e decidiram pedir tempo para discutir a medida. Na reunião, também ficou decidida a paralisação das atividades na segunda-feira e terça-feira.
De acordo com o diretor médico do HU/USP, José Pinhata, o tema não foi debatido com a diretoria do hospital e pediu tempo à reitoria para conhecer a proposta. O diretor do HU/USP defendeu ainda que a desvinculação do hospital "irá despatrimoniar parte da USP".
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Com isso, Pinha acredita que o hospital vá perder a autonomia na diretriz de ensino. "Será impossível manter excelência em ensino após troca de equipes a preços de funcionários SUS", argumentou.
De acordo com o presidente do Centro Acadêmico de Medicina da USP, Murilo Germano, que é estudante do 3º ano de Medicina, os alunos são contrários à maneira como o processo de desvinculação do hospital está sendo conduzido pela universidade. "Queremos adiar essa decisão no conselho universitário para poder discuti-la", disse. Germano tinha uma reunião agendada para hoje com o reitor para tratar sobre o tema, mas o encontro foi cancelado “No horário da reunião, o gabinete me ligou dizendo que ele não conseguiria chegar a tempo e agora estou no aguardo do agendamento de uma nova data ainda nesta semana”, afirmou.