Servidores das universidades paulistas aprovam indicativo de greve

USP e Unicamp propuseram reajuste de 2,2%, professores e funcionários dizem ter 15% acumulado de perdas; Unesp propôs zero de reajuste

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Por Isabela Palhares
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SÃO PAULO - Com uma proposta de reajuste abaixo da inflação acumulada no último ano, os professores e funcionários das três universidades estaduais paulistas aprovaram indicativo de greve a partir de 6 de junho. Em reunião nesta segunda-feira, 27, o Cruesp, conselho dos reitores, propôs 2,2% de reajuste para os servidores da USP e Unicamp e zero, aos da Unesp

Universidade de São Paulo (USP) Foto: Rafael Arbex / Estadão

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O Fórum das Seis, entidade que representa os sindicatos de professores e funcionários das três universidades, diz que as perdas salariais dos últimos anos chegam a 15% e reivindica 8% de reajuste. Diantes da proposta dos reitores, o Fórum decidiu pelo indicativo de greve. A adesão à paralisação será votada em cada um dos sindicatos. 

É o segundo ano consecutivo que o reajuste proposto fica abaixo da inflação - que para os últimos 12 meses é de 4,94%, segundo o IPCA. No ano passado, as universidades deram 1,5% de reajuste - a inflação do período era de 2,9%. Em 2017, todas tiveram reajuste zero. 

Os servidores alegam que as universidades têm condições de conceder um reajuste maior, pois já estão em processo de recuperação da saúde financeira. A USP, por exemplo, terminou 2018 pela primeira vez em cinco com superávit. A Unicamp teve déficit orçamentário menor que o previsto inicialmente. A recuperação é resultado das medidas medidas de redução de gastos com os servidores - como planos de incentivo a demissão voluntária e redução de concursos públicos.

"Por anos, estamos vivendo uma situação de corte de despesas, demissões e arrocho dos salários. Agora, as universidades estão no melhor momento dos últimos sete anos e continuam dizendo que não podem dar um reajuste maior. Os servidores perderam salários nos últimos anos", disse Magno de Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp).

Desde 2013, as instituições gastaram mais de 95% dos repasses que recebem do governo estadual - a cota fixa de 9,57% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal fonte de receita - com o pagamento de salário de servidores e aposentados. Mas, no ano passado, o gasto caiu para 90,02% e chegou a 89,75% no primeiro trimestre de 2019 - o menor comprometimento desde 2011.

"A recomendação das equipes técnicas é de que o reajuste seja zero. Ainda estamos nos recuperando, ainda estamos em déficit orçamentário, mas entendemos que a inflação está elevada e que os servidores precisam do reajuste. Fizemos projeções e vimos que esse é o limite de um reajuste possível, sem colocar em risco a saúde das universidades", disse Marcelo Knobel, reitor da Unicamp e presidente do Cruesp. 

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Unesp

A Unesp, que não concedeu os mesmos reajustes das outras duas universidades nos últimos anos e atrasou o pagamento do 13º salário nos últimos dois anos, a situação é ainda mais crítica. Os servidores dizerm que as perdas chegam a 19,4% e reivindicavam 11,24%. No entanto, a reitoria diz que não tem condições de dar nada de reajuste. 

"Após a provisão integral do 13º salário de 2019, permitindo seu pagamento a todos os servidores, e dependendo da evolução da arrecadação do ICMS, será determinado o melhor momento para aplicar o dissídio de 2,2%", afirma em nota a reitoria da universidade, que calcula um impacto de R$ 49 milhões em um ano com o reajuste. 

Correções

A matéria foi atualizada para esclarecer que a Unesp concedeu reajuste de 1,5% aos servidores em 2018, como ocorreu na USP e Unicamp. O único reajuste que não foi concedido como nas outras instituições foi em 2016, quando as outras duas universidades deram 3%. A Reitoria da Unesp informa que os porcentuais de 2016 (3%) e agora de 2019 (2,2%) serão concedidos "em momento adequado".         

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