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Opinião|Filhos precisam de autonomia

Sempre me espanto ao saber que pais de universitários têm responsabilidade de acordá-los para aula

Atualização:

Todos os que têm filhos, alunos, sobrinhos, netos etc., ou seja, todos que, direta ou indiretamente, estão ligados à educação dos mais novos, já ouviram e/ou usaram a palavra e, consequentemente, o conceito de autonomia. Na verdade, esbanjamos o uso dessa palavra. Por isso, vale a pena pensarmos sobre os processos que auxiliam os mais novos na conquista da autonomia.

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A família tem sofrido muitas mudanças nas últimas décadas e, mesmo assim, continua sendo a instituição primeira na formação dos filhos para a autonomia. Já a escola, que tem resistido fortemente às mudanças para se aproximar do século 21, também tem grande responsabilidade nessa questão. Ao lado dessas duas instituições, todo o contexto em que a criança ou o adolescente vive também influencia seus processos de aquisição de autonomia. 

A família, por excesso de cuidados e de proteção, pode inibir nos filhos o desenvolvimento de sua autonomia. Sempre me espanto ao saber que pais de jovens universitários ainda têm como sua responsabilidade acordar o filho para que ele chegue a tempo para suas aulas, e mais: levá-lo até a faculdade. Como pode um jovem, no fim de sua adolescência, ter sua vida sob sua responsabilidade se os pais agem assim?

Alunos participam de exame na cidade de São Paulo. Escolas têm deixado de lado desenvolvimento social e emocional dos estudantes Foto: Werther Santana/ Estadão

A escola, por sua vez, por adesão quase exclusiva ao ensino das disciplinas do conhecimento, deixa de lado o desenvolvimento social e emocional de seus alunos, perdendo assim a oportunidade de colaborar para que eles tenham maior responsabilidade sobre si, por exemplo. Um bom exemplo disso é o decréscimo dedicado às artes, assembleias e rodas de conversa, por exemplo, à medida que os alunos avançam nas séries. 

Bem, mas o que é autonomia? Um conceito complexo e difícil de explicar mas, de um modo geral, é a pessoa ter capacidade de administrar a própria vida, ou seja, tomar as decisões e agir de acordo consigo mesmo, seus valores e princípios, seus interesses, suas necessidades, seus compromissos etc. E tudo isso sem desconsiderar a interdependência que temos com os outros!

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Parece simples e fácil, mas não é. Por isso é que, para chegar à autonomia, é tão precioso o autoconhecimento. Precisamos investir na formação de autonomia de filhos e alunos com muita dedicação: é fundamental para a vida pessoal e profissional. Cada vez mais as corporações falam em autogestão, criatividade e empatia, entre outros, como características fundamentais para o bom profissional. E como alcançar essa habilidade sem ter tido acesso à autonomia?

É PSICÓLOGA, CONSULTORA EDUCACIONAL E AUTORA DO LIVRO EDUCAÇÃO SEM BLÁ-BLÁ-BLÁ

Opinião por Rosely Sayão
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