11 de abril de 2011 | 12h19
SANTIAGO - Além das implicações pedagógicas, a mistura entre empresas privadas e educação provocou um questionamento estrutural: até onde essa relação é sadia?
“Está ficando cada vez mais claro que, no Chile, a educação é um negócio”, afirma a deputada de oposição Cristina Girardi.
“Esse assunto acabou colocando sobre a mesa a discussão sobre o modelo chileno de educação. Teremos de decidir se realmente queremos um modelo de educação pública de qualidade ou se estamos fazendo as coisas de modo a permitir que o mercado entre por todos os lados”, diz o presidente da Comissão de Educação do Senado, Jaime Quintana, do Partido pela Democracia (PPD).
O atual governo do Chile teve início há um ano e, desde o começo, enfrentou denúncias de ligações irregulares entre o presidente Sebastián Piñera e diversas empresas privadas.
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Piñera, que figura na lista dos homens mais ricos do mundo produzida anualmente pela revista Forbes e foi o primeiro bilionário a assumir a presidência do Chile, governou durante meses sem se desfazer das ações que detinha da empresa aérea LanChile, da multinacional Axxxion, da emissora de TV Chilevisión, do jornal La Tercera e do clube de futebol Colo-Colo, além de uma clínica privada de saúde e uma série de empresas imobiliárias.
Mensagem vazada em dezembro de 2010 pelo WikiLeaks indicava que, para a diplomacia americana, os negócios de Piñera são “questionáveis”. “Ele conduz a política e os negócios no limite da ética e da lei”, dizia o documento.
Um dos motes de sua campanha política foi o de governar a máquina pública com padrões de qualidade e procedimentos próprios do setor privado.
Ao formar seu gabinete, Piñera preferiu apostar em ministros e assessores de sucesso no setor privado, em vez de políticos de carreira. Tal medida criou divisões e descontentamentos até mesmo entre os partidos conservadores que fizeram parte da aliança governista.
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