Falta de amigos pesa muito na decisão de parar

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Por Agencia Estado
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Em alguns cursos de evasão aumenta três ou quatro vezes, mesmo em instituições com menor fuga, como a Unicamp. É o caso de física/matemática aplicada (20,25% de abandono), geografia diurno (16,67%) e física diurno (16,6%). A explicação, para o assessor da pró-reitoria de graduação, Sigisfredo Brenelli, é de que o curso de geografia, por ser muito interdisciplinar, exige habilidades em várias áreas (como humanas e biológicas) e o aluno é acostumado, desde o ensino médio, a se direcionar apenas para uma. "Já a física e a matemática aplicada têm exigências grandes quanto a conteúdo, forma de raciocínio e dedicação provavelmente maiores que as esperadas para os alunos." Na USP, a descoberta das causas do abandono está surpreendendo os educadores. "Uma parte dos alunos que se evadiram não conseguiu desenvolver bom relacionamento com os colegas e os professores. Sem criar vínculos, nenhum estudante fica", conta Sônia Penin, pró-reitora de graduação. Para conquistar esse estudante, ela quer que a semana de recepção dos calouros tenha ainda mais atividades de integração entre veteranos e novatos. A orientação aos vestibulandos, que a universidade já adota e que está ajudando a reduzir a evasão, também deve ganhar força. "Precisamos explicar melhor aos alunos do ensino médio o que é cada curso porque muitos são jovens demais e entram na universidade sem ter noção do que vão encontrar", afirma. "Com o levantamento que estamos finalizando, poderemos focar melhor nossas ações." O acompanhamento coordenado pelos professores Sandra Zakia e Romualdo Portela também mostra que a grande maioria dos alunos que desistem da faculdade tem até 20 anos e larga as aulas no fim do primeiro semestre. Física é um dos cursos com maior evasão. Cerca de 50% dos estudantes não se formam. A Unesp também está terminando um estudo que vai mostrar o abandono na graduação de 1999 a 2002. "Daqui a um mês ele deverá estar pronto, mas já temos alguns dados preliminares", conta o pró-reitor da graduação, Wilson Galhego Garcia. "Em 2002, por exemplo, entraram 5.685 alunos, o total era de 29.191 e se formaram 4.919. Trancaram o curso 1.238, suspenderam 643 e se evadiram 704 - o que dá um índice de 12,4%." A causa principal da desistência continua sendo a desilusão com o curso e, por isso, Garcia acredita que a orientação vocacional deveria fazer parte do ensino médio desde o primeiro ano. "As universidades também precisam facilitar para o estudante a troca de cursos e o preenchimento das vagas ociosas porque é muito dinheiro indo para o lixo." leia também  Evasão de alunos preocupa universidade pública  Ciclo básico pode voltar para combater evasão

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