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Faculdades estrangeiras de olho no Brasil

´Queremos os melhores estudantes do mundo e o Brasil, com China e Índia, é um dos nossos focos´, diz o diretor de assuntos internacionais de Yale

Por Agencia Estado
Atualização:

Elas querem nossos alunos. O Brasil se tornou recentemente um mercado estratégico para universidades estrangeiras, principalmente americanas e australianas. Não, elas não vão oferecer cursos aqui. Estão montando escritórios, promovendo eventos e oferecendo bolsas com o objetivo de levar os jovens a fazer graduação fora do País. "Queremos os melhores estudantes do mundo e o Brasil, com China e Índia, é um dos nossos focos", diz o diretor de assuntos internacionais da Universidade Yale, João Aleixo, que esteve em São Paulo neste mês. Pela primeira vez no País, seu objetivo era o de começar a promover a instituição aqui e fazer contatos para organizar a Yale Week, evento que trará os diretores responsáveis pela admissão dos alunos na universidade ao Brasil. A previsão é que ele ocorra no ano que vem. Mas Aleixo já adianta que, desde 2005, os brasileiros têm direito a bolsas completas em Yale, caso sejam admitidos e não tenham condições de pagar os US$ 40 mil anuais. O interesse pelo Brasil faz parte de um recente programa de internacionalização de Yale, que tem mais de 300 anos e formou de Bill Clinton a George W. Bush. Hoje, 16% de seus estudantes são estrangeiros e apenas 26, brasileiros. "O ambiente de diversidade é importantíssimo dentro do campus universitário", diz Aleixo, que recebeu convidados na Brazilian Business School (BBS), uma instituição de formação de executivos. Yale veio depois de Harvard, que em abril anunciou que abriria escritório em São Paulo. Em entrevista ao Estado, o diretor do Centro Rockefeller para Estudos Latino-Americanos, John Coastworth, disse que há dois anos a universidade tem incentivado o conhecimento do País e do português por seus alunos e professores. Ele também enfatizou que a política de Harvard é de não deixar nenhum bom estudante de fora, mesmo que não tenha como pagar US$ 45 mil por ano. A Universidade Harvard confirmou na semana passada que já alugou um escritório na Avenida Paulista e que os trabalhos começam no início de julho. "Não haverá cursos aqui. O Brasil é um destaque na internacionalização da universidade", diz Jason Dyett, diretor do escritório brasileiro. Uma bolsa específica para brasileiros em Harvard, financiada pelo empresário Jorge Paulo Lemann, já começou neste ano. Milhões de alunos As universidades estrangeiras também deixam claro que o tamanho do Brasil importa nessa decisão estratégica. O País tem atualmente cerca de 9 milhões de alunos no ensino médio, etapa anterior ao ensino superior, com 4,1 milhões de estudantes. Para o ex-ministro da Educação e consultor Paulo Renato Souza, a tendência é positiva para o Brasil. "São poucos os brasileiros fazendo graduação no exterior e isso acaba criando um problema de não olharmos para fora, de uma educação fechada." Também parece ser consenso que o diploma no exterior agrega pontos aos currículos. "Além de ter estudado em universidades conhecidas mundialmente, consolidar o inglês e conhecer outras culturas é um diferencial competitivo", diz a sócia-diretora da Carrer Center, empresa de planejamento de carreiras, Karin Parodi. "O crescimento é pessoal e profissional", diz Tatiana Zanon, que conheceu Aleixo durante sua visita e pensa em estudar em Yale. Alguns cursos, no entanto, não têm validação automática no ensino superior brasileiro, como Medicina e Arquitetura. As universidades públicas têm autonomia para reconhecer ou não os diplomas e os currículos cursados no exterior. O departamento de Educação do Consulado Australiano abriu em 2005 um escritório no País em busca de novos alunos. O número de estudantes lá quase duplicou depois disso, e já há 7 mil brasileiros estudando na Austrália. Só existem 39 universidades no país e muitas delas estão bem posicionadas em rankings mundiais. Outras vantagens são que há graduação por 20 mil dólares australianos por ano, com cotação mais baixa que o americano, e duração de só três anos. "Os estudantes brasileiros dão dinâmica à sala de aula e são estudiosos", justifica a gerente da Australian Education International, Priscila Trevisan.

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