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Executivo no Brasil tem pior salário de toda a América Latina

Descontados os impostos, o valor médio da remuneração cai para US$ 25.236

Por Agencia Estado
Atualização:

O poder de compra de executivos brasileiros no posto de gerência média - aqueles que se reportam diretamente à diretoria de uma empresa - é mais baixo do que de profissionais do mesmo status que vivem em economias bem menores da América Latina, como Venezuela, Peru, Uruguai e até mesmo da Argentina, nos últimos dois anos imersa em crise. Por um ano de trabalho, o executivo do Brasil é remunerado, em média, com o valor bruto de US$ 32.506 (a conta inclui salário mais bônus). Descontados os impostos, o valor emagrece para US$ 25.236. Mas como aferir e até mesmo fazer um ranking de seu poder de compra? Uma pesquisa global da consultoria Mercer Human Resource Consulting verificou discrepâncias no poder aquisitivo dos gerentes seniores em 50 países, apurando os índices de custos de vida locais e os salários médios, deduzindo impostos pessoais e contribuições sociais. Batizado de Relatório de Diferenças Internacionais de Remuneração, o estudo se baseou numa metodologia de análise que avalia quantas vezes um funcionário pode comprar uma idêntica cesta de 200 itens, incluindo produtos e serviços. O Brasil conquistou a 33.ª posição, atrás da Noruega (32.ª), Dinamarca (31.ª), Argentina (30.ª), Itália, (29.ª), Guatemala (28.ª) e Colômbia (21.ª). Hong Kong no topo No Brasil, com salário descontado os impostos, o executivo compraria 3,32 cestas, situação bem diferente do campeão da lista, Hong Kong. Lá, com uma remuneração anual de US$ 100.538 (valor livre de tributos) e cerca de US$ 75 mil a mais que o Brasil, o executivo na mesma posição compra 6,92 cestas. Suíça e Equador ocupam, respectivamente, as duas seguintes posições do ranking. Os últimos da lista são Índia, Bulgária e Vietnã, locais nos quais os salários são comparativamente baixos e os impostos altos. Por ser o modelo de pesquisa inédito, não é possível afirmar se o Brasil tem ficado mais ou menos competitivo neste quesito, explica Marco Santana, consultor da Área de Expatriados da Mercer para a América Latina. Carga tributária Carlos Mestre, da Mercer Human Resource Consulting na Europa, que também atuou no desenvolvimento da pesquisa, alerta: "É errado considerar que gerentes são bem remunerados porque são bem pagos, ou mal remunerados porque são mal pagos." Segundo ele, "gerentes seniores na União Européia podem receber os maiores salários do mundo mas também pagam impostos e contribuições sociais mais altos que gerentes em países em desenvolvimento". O levantamento mostra que estes custos podem chegar a 31% do salário bruto pago na França e a 45% na Itália. Entretanto, os dois países ocupam, respectivamente, a 18.ª e 29.ª posições. Santana pondera também que na Argentina, por exemplo, a remuneração líquida de um gerente sênior será entre 10% e 15% mais baixa do que no Brasil, mas possibilitará que ele tenha um poder de compra superior a de um brasileiro.

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