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Ex-diretora da Unifesp é acusada de racismo

Regina Célia Spadari teria expulsado alunas negras de laboratório; sete estudantes foram convocados para depor

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

Sete estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em Santos, foram convocados para depor na próxima semana na Polícia Federal sob a acusação de terem pichado a parede da diretoria da instituição de ensino. Os grafites acusam a ex-diretora da unidade Regina Célia Spadari de racismo, depois de ela ter se envolvido em um desentendimento com alunos. 

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O episódio, registrado pela própria diretora na PF, também está sob apuração da Unifesp, que instaurou sindicância.

O problema aconteceu em novembro do ano passado, durante os eventos da Semana da Consciência Negra da instituição. As frases foram pichadas nos muros, no chão e na porta da diretoria um dia depois de uma discussão entre os alunos - seis do curso de Serviço Social e um de Educação Física - e a ex-diretora pelo uso de um laboratório de informática.

Regina é acusada de racismo por ter questionado duas estudantes negras sobre se eram alunas e exigir delas identificações, depois de pedir que todos os que não fossem estudantes de lá saíssem do local. As estudantes reclamam que houve "insistência", mesmo depois de mostrar a documentação.

Unidade no litoral paulista instaurou sindicância Foto: Divulgação

Na ocasião, ocorria na universidade uma atividade em que participavam tanto estudantes como moradores da comunidade. Parte das pessoas que estavam no local utilizava os computadores e era acompanhada por funcionários.

Ao Estado, Regina disse que nunca cometeu nenhum ato racista. “Eu fui à polícia porque temia pela minha segurança e da minha família. Fui hostilizada e fizeram protestos contra mim na frente da universidade”, contou.

Ela relatou ter sido acionada pelo chefe do setor de informática para confirmar a permissão da presença de adolescentes que estavam usando os computadores. Ao constatar que não havia nenhuma atividade prevista no local, Regina pediu que todos que não fossem alunos saíssem.

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Um vídeo gravado por estudantes e publicado na internet mostra que, após parte do grupo deixar a sala, Regina pede a identificação das duas alunas negras, que estavam na primeira fileira. Uma outra aluna, que estava ao lado delas, foi ignorada, segundo a diretora, porque já era “conhecida”. Os gritos chamando a gestora de racista começaram naquele momento. Ao notar o barulho, funcionários e professores entraram na sala e tentaram pacificar a briga. A ex-diretora acusa dois estudantes de terem feito a pichação. Eles negam.

Primeira vez. A estudante do 3.º ano de Serviço Social Tatiane Souza Santos, de 30 anos, foi uma das alunas abordadas pela ex-diretora e diz ter sofrido racismo no episódio, no ano passado. “Foi a primeira vez que aconteceu (racismo) comigo, mas já impediram um amigo negro de entrar na universidade porque ele estava sem crachá”, contou.

Ela nega envolvimento na pichação contra a reitora e relata ter ido direto para a delegacia registrar boletim de ocorrência e, em seguida, para casa no dia da discussão. Segundo Tatiane, ela e a outra colega estavam na sala de informática para elaborar um trabalho. 

A ex-diretora Regina foi substituída no início deste ano depois de ter cumprido o tempo do mandato.

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