Alunos veem 'manobra' e manterão ocupações de escolas
Líderes do movimento estudantil reivindicam revogação de decreto que cria a reorganização da rede e permite o fechamento de escolas
Por Rafael Italiani
Atualização:
Atualizada às 22h21
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SÃO PAULO - Alunos à frente das ocupações das escolas estaduais classificaram nesta sexta-feira, 4, a suspensão da reorganização da rede e a queda do secretário da Educação, Herman Voorwald, como uma “manobra” do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para acabar com as invasões e enfraquecer o movimento. Eles exigem a revogação do decreto que estabelece a mudança - o que deve ser feito neste sábado - antes de desocupar as escolas e querem punição aos PMs que acusam de agir de forma violenta nos protestos. O governo informou que os casos serão discutidos individualmente.
Um comunicado foi feito nesta sexta pelo comando das ocupações, que afirmou que o movimento será mantido até que a reorganização seja cancelada permanentemente pelo governo estadual. O anúncio foi realizado na noite desta sexta-feira, 4, na Escola Estadual Professor Antônio Alves Cruz, em Pinheiros
Antes do pronunciamento, os alunos cantaram músicas de protesto. Eles fizeram um jogral com posicionamento contrário à reorganização e cobraram um cronograma de audiências públicas para debater propostas para a rede estadual de educação.
"Só desocuparemos se a reorganização for cancelada oficial e permanentemente e se o governo garantir nenhuma punição aos manifestantes. Não feito isso, continuaremos ocupando e resistindo", informaram os estudantes.
Um ato para apoiar as ocupações será realizado na próxima quarta-feira, às 17h, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Camila Lanes, afirmou que as invasões devem continuar - nesta sexta, 196 escolas estavam tomadas no Estado, de acordo com a Secretaria da Educação. “Não estamos convencidos dos argumentos do governo. Uma coisa é o Alckmin dizer para a mídia que vai suspender, outra é ele de fato revogar.”
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Ela criticou o argumento de que 2,9 mil salas de aula estariam ociosas e, por isso, a reorganização seria necessária. “Não estamos convencidos. A ociosidade é resultado do abandono das escolas. Não vamos desistir ou nos retirar das ocupações.”
A porta-voz dos estudantes da Escola Fernão Dias Paes, em Pinheiros, zona oeste, Mariah Alessandra, de 18 anos, diz que o governo quer desviar o foco das invasões que, para ela, devem continuar. “É uma manobra para enfraquecer o movimento.” Segundo ela, os estudantes vão participar das audiências públicas com o governo e querem que seja estabelecido um cronograma para elas. Eles decidiram ainda marcar um protesto para quarta-feira.
Protesto contra a reorganização na educação em São Paulo
1 / 7Protesto contra a reorganização na educação em São Paulo
São Paulo
Protesto de estudantes na avenida Paulista contra a reorganização na educação Foto: Felipe Rau / Estadão
São Paulo
Protesto de estudantes na avenida Paulista contra a reorganização na educação Foto: Felipe Rau / Estadão
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Protesto de estudantes na avenida Paulista contra a reorganização na educação Foto: Felipe Rau / Estadão
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Protesto de estudantes na avenida Paulista contra a reorganização na educação Foto: Felipe Rau / Estadão
São Paulo
Polícia dispersa o protesto de estudantes com uso de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral na avenida Paulista Foto: Felipe Rau / Estadão
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Polícia dispersa o protesto de estudantescom uso de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral na avenida Paulista Foto: Felipe Rau / Estadão
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Polícia dispersa o protesto de estudantescom uso de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral na avenida Paulista Foto: Felipe Rau / Estadão
De acordo com ela, o entendimento dos estudantes é de participar dos diálogos nas audiências públicas promovidas pelo Palácio dos Bandeirantes entre os alunos, professores, entidades de classe, a Secretaria de Estado da Educação (SEE), o Ministério Público Estadual (MPE) e a população.
Da mobilização nas ruas à ocupação de escolas
1 / 31Da mobilização nas ruas à ocupação de escolas
De volta às ruas
Estudantes voltam às ruas em 29 de outubro contra a reorganização anunciada por Alckmin Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO
Escola na Vila Jaguará
Mobilização na Escola Estadual Professor Pio Telles Peixoto, na VilaJaguará, na zona oeste da capital paulista Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Escola na Vila Inah
Escola Ana Rosa de Araújo Dona, na Vila Inah, zona oeste Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Escola na Vila Inah
Na Escola Ana Rosa de Araújo Dona também houve protesto contra a reorganização da rede Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Escola na Chácara Santo Antônio
Estudantes penduram faixa "Matriculas Abertas"na Escola Estadual Saboia de Medeiros, no bairro Chácara Santo Antônio, na zona sul Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
Escola em Cidade Tiradentes
Escola Estadual Cohab Inácio Monteiro, em Cidade Tiradentes, na zona leste, foi ocupada por estudantes e por integrantes do Movimento dos Trabalhadore... Foto: PETER LEONE/FUTURA PRESSMais
Vandalismo em escola ocupada na Grande São Paulo
Móveis foram destruídos e espalhados em sala na Escola Estadual Coronel Antônio Paiva de Sampaio, em Osasco, na Grande São Paulo, alvo de vandalismo Foto: Secretaria de Educação/Divulgação
Protesto de estudantes na 9 de julho
É a quarta manifestação que eles fazem nos últimos dois dias que bloqueia vias importantes da capital. Os alunos também ocupam 191 escolas contra a me... Foto: ALEX SILVA/ESTADÃOMais
Mobilização após anúncio
Estudantes se mobilizam contra a reorganização e o fechamento de escolas estaduais, anunciados pelogovernador Geraldo Alckmin (PSDB) em 9 de outubro. ... Foto: RAFAEL ARBEX/ESTADÃOMais
Mobilização nas ruas
Estudantes caminharam até a Praça da República, onde fica a Secretaria Estadual da Educação Foto: RAFAEL ARBEX/ESTADÃO
Estudantes nas ruas
Alunos da rede pública paulista protestam na Avenida Paulista Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO
De volta às ruas
Alunos carregam cartazes contra reorganização da rede estadual de ensino Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO
Escola em Pinheiros
Em 12 de novembro, estudantes ocupavam, pelo quarto dia seguido, aEscola Estadual Fernão Dias Leme, em Pinheiros, na zona oeste Foto: RAFAEL ARBEX/ESTADÃO
Escola em Pinheiros
Aluno encara policial em frente à Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADãO
Escola em Pinheiros
Policiais em frente à Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
Escola em Pinheiros
Adolescente passa mal após inalar spray de pimenta em frente à Escola EstadualFernão Dias Paes, no bairro de Pinheiros, no dia 11 de novembro Foto: ANDRÉ LUCAS ALMEIDA/FUTURA PRESS
Escola em Pinheiros
Movimentação em frente à Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na manhã do dia 13 de novembro Foto: RAFAEL ARBEX/ESTADÃO
Escola na Vila Mazzei
Contra o fechamento de escolas estaduais paulistas, estudantes ocupam aEscola Estadual Castro Alves, na zona norte da capital Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
Escola na Vila Mazzei
Durante ocupação, alunos se reúnem na quadra, na Escola Estadual Castro Alves, na Vila Mazzei,zona norte de São Paulo Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
Escola na Vila Mazzei
Alunos colocam faixa em frente à Escola Estadual Castro Alves, na Vila Mazzei,zona norte Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
Escola na Vila Mazzei
Alunos observam faixa naEscola Estadual Castro Alves Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
Escola na Chácara Santo Antônio
Estudante controla chaves das dependências da EscolaEstadual Saboia de Medeiros, no bairro Chácara Santo Antônio, na zona sul de São Paulo Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
Escola na Chácara Santo Antônio
Alunos pintam fachada da Escola Estadual Saboia de Medeiros, no bairro Chácara Santo Antônio, na zona sul Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
Escola em José Bonifácio
Estudantes também ocupam aEscola Estadual Salvador Allende, no bairro José Bonifácio, na zona leste Foto: ALE VIANNA/ELEVEN
Escola na Vila Jaraguá
Alunos protestam na Escola Estadual Professor Pio Telles Peixoto, na Vila Jaraguá, zona oeste Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Escola em Campinas
Estudante protestam na Escola EstadualCarlos Gomes, na cidade de Campinas, interior de São Paulo Foto: DENNY CESARE/CÓDIGO19/PAGOS
Escola em Guarulhos
A E.E.Conselheiro Crispiniano, na Vila Progresso, em Guarulhos, foi ocupada por alunos em 23 de novembro em protesto contra a reorganização da unidade... Foto: Felipe Cordeiro/EstadãoMais
Contra reorganização escolar
Alunos da Escola Fernão Dias Paes inteditam cruzamento contra o fechamento de escolas da gestão Alckmin (PSDB). Foto: Werther Santana/Estadão
Protesto de estudantes na 9 de julho
Os policiais jogaram spray de pimenta e bombas de efeito moral contra os manifestantes. Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO
PM e estudantes entram em confronto em protesto na Dr. Arnaldo
Jovem é dominado por policiais militares e encaminhado a delegacia após protesto na Avenida Doutor Arnaldo, na zona oeste da capital paulista Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press
Ferido em protesto na Avenida Doutor Arnaldo
Estudante de 16 anos foi ferido no ombro; ele diz que foi agredidos pelos PMs Foto: Luiz Fernando Toledo/Estadão
A professora universitária Regina Obata, de 24 anos, concorda com o posicionamento dos jovens em não recuar."Não se quer uma suspensão porque podem voltar atrás a qualquer hora. Revogar é preciso e é o que os alunos precisam", afirmou. Ela criticou a forma como a reorganização foi imposta. "Há um problema grave na fundamentação apresentada porque não tem uma sustentação firme", disse.
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Para Vanessa Alves, de 16 anos, do grêmio estudantil da escola Brigadeiro Gavião Peixoto, a maior do Estado, em Perus, na zona oeste, Alckmin quer apenas parar o movimento, pois mais escolas seriam ocupadas.
Na Praça Roosevelt, no centro da capital paulista,Angela Meyer, da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, comemorou a vitória dos estudantes. "Grande vitória do movimento estudantil. A gente sabe que ser professor em São Paulo não é fácil. Alckmin insistiu mesmo assim em não ouvir os professores. Os estudantes tomaram a luta. A gente não foi ouvido e por isso decidiu radicalizar. Ocupamos mais de 200 escolas para dizer que sem democracia a gente não ia sentar. De repente, depois do Ministério Público entrar com ação resolveram se tocar", disse Angela.
Segundo ela, a mobilização continua. "A nossa luta é por uma nova escola pública. Em 2016, vamos participar de cada audiência pública e reunião que tiver porque achamos que a educação pública tem que melhorar", disse.
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"Não vamos parar por aqui. Dia 10 tem ato e a gente ainda não sabe se vai desocupar as escolas. Na quinta-feira, haverá uma assembleia para decidir os rumos do movimento.
Sorocaba. Duas horas após o governador Geraldo Alckmin ter anunciado a decisão de suspender a reorganização da rede estadual, estudantes relutavam em deixar as escolas ocupadas em Sorocaba, na tarde desta sexta-feira, 4. Até as 15h30, pelo menos doze escolas continuavam ocupadas, assim como o prédio da Diretoria Regional de Ensino.
De acordo com a coordenadora local do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeosp), Magda Souza, os alunos esperam que o governador confirme em documento a suspensão da reorganização e aceite debater as mudanças com alunos e professores. "Eles já se mobilizam para deixar as escolas, mas querem ter a certeza de que não haverá um novo recuo por parte do governo."
O diretor regional de Ensino, Marco Aurélio Bugni, também não tinha sido informado oficialmente da decisão de Alckmin. Com o prédio ocupado, ele alegou que está sem acesso às comunicações oficiais./ COLABORARAM PAULA FELIX E JOSÉ MARIA TOMAZELA