
22 de outubro de 2011 | 17h45
Um candidato do Enem de Campos Belos (GO) chegou atrasado, mas conseguiu fazer a prova deste sábado após intervenção do delegado e do promotor de Justiça da cidade. Eles convenceram a diretora Colégio Polivalente Professora Antusa a liberar o acesso do estudante após as 13 horas (horário de Brasília). Segundo o Inep, uma funcionária do consórcio que aplica o exame foi ameaçada de receber voz de prisão e, por isso, o governo estuda entrar com uma representação contra as autoridades na Justiça Federal. O promotor e o delegado negam a ameaça.
O estudante Joaquim Gomes de Moura Neto, de 16 anos, não portava documento oficial de identificação com foto. No entanto, conseguiu entrar na sala para fazer o exame após acordo com a diretora do colégio, Vera Lúcia. "Ele era aluno da escola, todos conheciam ele, inclusive a diretora", disse o promotor André Luís Duarte.
Segundo ele, o aluno chegou ao colégio com antecedência, portando apenas o CPF. Como se tratava de um documento sem foto, Joaquim não foi autorizado pelos fiscais da sala a fazer as provas. "Fui acionado pela mãe do aluno logo que ele foi colocado para fora do colégio. Cheguei ao prédio um pouco depois das 13h", contou Duarte ao Estadão.edu.
O promotor disse que não conseguiu entrar no prédio e, por isso, acionou a Polícia Civil e a Corregedoria do próprio Ministério Público. "Foi uma arbitrariedade da diretora do colégio, do coordenador regional do Enem em Goiás, e do própria Cespe, de Brasília, não permitir um promotor de justiça entrar no prédio", afirmou. "Se ela (a diretora) não deixasse a gente ter acesso, eu poderia inclusive propor o arrombamento do portão."
O promotor e o delegado dizem que em nenhum momento foi dada voz de prisão para Vera Lúcia nem para qualquer funcionário ou fiscal do prédio onde estava sendo realizado o exame.
O MEC, no entanto, informou à Agência Brasil que o delegado Thiago Martimiano da Silva chegou a ameaçar prender uma funcionária do consórcio que aplicava a prova após ela ter se negado a deixar o estudante entrar às 14h30. "Não é verdade que foi dada a voz de prisão para quem quer se seja", disse o delegado ao Estadão.edu.
Depois de negociar a entrada ao prédio, as autoridades acertaram com a diretora que o aluno fizesse o prova, e que o ocorrido fosse registrado em ata. O MEC afirma que a prova do estudante está sub judice, e não anulada. Além disso, o ministério pretende entrar com uma representação por abuso de autoridade contra o promotor e o delegado na Justiça Federal.
* Atualizada às 20h para acréscimo de informações
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