04 de maio de 2015 | 08h30
SÃO PAULO - A alta do dólar americano e da libra, moeda da Inglaterra, tem feito estudantes mudarem planos de intercâmbio em busca de destinos mais baratos. Países como Canadá, Austrália e África do Sul tiveram aumento de até 30% no total de viagens nos três primeiros meses do ano, segundo agências especializadas. Outros alunos mantêm o pacote original, mas investem em acomodações econômicas e cursos menores.
A gangorra no câmbio obrigou Felipe Costa, de 27 anos, a mudar seu itinerário de Nova York para Toronto, no Canadá. "Troquei o pacote quando o dólar estava a R$ 3,30", conta. A cotação da moeda americana já recuou nas últimas semanas, mas segue perto de R$ 3 - 30% a mais do que na mesma época de 2014. Já o dólar canadense custa hoje cerca de R$ 2,50.
Para Costa, a desistência saiu mais barata do que manter os planos, apesar das multas. "Como viajo com minha namorada, tivemos que calcular tudo em dobro", explica o analista de compliance, que embarca em setembro para ter aulas de inglês.
De acordo com ele, a escolha do novo destino seguiu sua preferência de ficar em uma cidade grande, como São Paulo e Nova York, com boa oferta cultural e de serviços. "Em relação à qualidade do ensino, me disseram que era a mesma", afirma.
A adaptação da viagem deve ser cuidadosa para buscar destinos equivalentes, afinar interesses e evitar frustrações. "O intercâmbio expõe a pessoa a uma rotina e uma cultura. Se escolher a época errada do ano para ir, por exemplo, não funciona", alerta Luciano Timm, diretor da agência de intercâmbios EF Education First.
Segundo ele, a procura tem sido por locais onde o custo de vida é menor. O euro, que não valorizou tanto quanto o dólar, também favoreceu alternativas na Europa, como a Ilha de Malta e a Irlanda.
Quanto ao medo de substituir o sotaque americano ou britânico por outros menos tradicionais, Timm não vê problemas. "O aluno deve estar preparado para isso. Aliás, é cada vez mais comum falar inglês com quem não é nativo da língua, com diferentes sotaques."
Existem destinos mais baratos para os estudantes, com o mesmo perfil cultural e climático dos Estados Unidos e da Inglaterra
Casas de famílias ou perto da escola são mais econômicas
Ficar em cidades menores, próximas aos grandes centros, é uma boa dica para aliviar o custo de vida e o bolso dos estudantes
Para intercâmbios mais longos, uma saída são países onde é permitido estudar e trabalhar, como Irlanda e Austrália
Há pacotes com o 'câmbio congelado', para evitar perdas na variação
Além de cortar gastos, o novo destino permitiu que sobrasse dinheiro para o lazer nas horas vagas. "Nos Estados Unidos, precisaria de R$ 4 mil para me manter 15 dias. Na África do Sul, foi a metade." A moeda local custa cerca de R$ 0,25. O tempo de curso, porém, encurtou para caber no bolso: a ideia original era ficar por um mês.
O receio de abandonar o intercâmbio mais tradicional deu lugar à satisfação de conhecer uma cultura bem diferente. "Adorei ficar em uma casa de família", elogia. "E ao mesmo tempo, também conheci pessoas de várias nacionalidades."
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