SÃO PAULO O incentivo dos colégios à participação em olimpíadas científicas não deve carregar nas doses de rivalidade e cobrança. “Quando o aluno é obrigado, desenvolve resistência e, se tem mau desempenho, fica frustrado”, pondera Ana Luiza de Quadros, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que estudou o clima de competição nos torneios.
Rafael Geromel, aluno do ensino médio e medalhista, diz que não há tensão entre os participantes. “Cada ‘olímpico’ tem um conhecimento específico e existe colaboração mútua.” Segundo ele, que admite ter mais dificuldade em Ciências Humanas, o esforço concentrado em algumas disciplinas não prejudica as notas.
“A recomendação é que a escola evite treinamento exagerado, mas os próprios alunos buscam cada vez mais prêmios ”, diz o coordenador da Olimpíada Brasileira de Química, Sérgio Melo. Outro problema, para especialistas, é que as medalhas sirvam apenas como estratégia de divulgação dos colégios particulares.
De acordo com Melo, os torneios são uma chance para que os professores estimulem o aluno a ir além da sala de aula. “O participante faz pesquisas aprofundadas na internet e até em livros de pós”, destaca. As universidades estrangeiras de ponta, que consideram a participação em olimpíadas no processo seletivo, também viram sonho de consumo. Um exemplo é o Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.