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Escolas paulistas aprimoram ensino de segunda língua para intercâmbio

Colégios também aplicam testes de proficiência e ajudam na papelada para universidades de fora

Por Barbara Ferreira Santos
Atualização:
Colégio convidou Bittencourt para aulas Foto: José Patricio/Estadão

Com mais alunos brasileiros passando em universidades do exterior a cada ano, escolas paulistanas incluíram aulas reforçadas de inglês e outros idiomas, pensando na preparação para processos seletivos de fora. Para dar mais conforto aos alunos, algumas até se tornaram centros aplicadores de testes de proficiência.

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No Colégio Bandeirantes, na zona sul de São Paulo, os alunos que têm mais fluência no inglês são convidados para um curso mais avançado do idioma, com salas menores, de até 20 por classe. Essas aulas substituem a disciplina regular de inglês. “O foco não é simplesmente preparar para ir aos Estados Unidos. Tem mais leitura e escrita nessa disciplina e a possibilidade de desenvolvimento é maior”, explica o coordenador de inglês e assuntos internacionais do colégio, José Olavo Amorim. 

A escola já recebe palestras de instituições internacionais, interessadas em captar alunos, e também envia profissionais ao exterior. Amorim viajou a Chicago, nos Estados Unidos, em julho, para se reunir com universidades americanas. “É para estreitar relações e com isso nosso aluno tem mais possibilidade de ser aceito.”

Aluno do 2.º ano do ensino médio, Patrick Bittencourt, de 16 anos, faz aulas no curso avançado e pensa nos vestibulares estrangeiros. “Quero fazer mestrado, doutorado e, se possível, uma graduação no exterior. O colégio ajuda com a papelada”, explica. Ele considera aplicar para universidades dos EUA, França e Suíça. 

Testes. Como um diferencial para os alunos do ensino médio, o Colégio Santa Maria, na zona sul, incluiu em 2014 o teste de proficiência de Cambridge como prova de fim de ano de inglês. O teste é aplicado de graça para os alunos do colégio – chega a custar até R$ 500. “Os alunos já iam muito bem em inglês nos vestibulares, mas tinham de ter um desafio, não podiam se acomodar. Com o exame, a aula ficou mais específica e difícil”, explica a coordenadora da área de linguagens do ensino médio da escola, Roberta Edo. 

No fim do ano, os 283 alunos do ensino médio do Santa Maria devem fazer o teste. “É um diferencial. A escola já colocou isso no currículo, senão vai perder aluno”, diz Roberta. “Os estudantes hoje fazem intercâmbio, se não a graduação, uma bolsa sanduíche.”

É com o objetivo de fazer apenas um período da graduação fora que a estudante Giovana Bonetti, de 17 anos, aluna do 3.º ano do médio, se planeja para os vestibulares. “Pretendo fazer o Ciência sem Fronteiras. Quero a área científica e acho importante comparar o ensino daqui e de fora”, explica. Apesar de estar no nível mais alto de inglês no colégio, ela reclama da cobrança para o teste de Cambridge. “A gente tem pressão o tempo inteiro, não acho bom ter mais uma. É muita coisa ao mesmo tempo”, pondera. 

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Aprendizado. Para a neurolinguista e especialista em ensino de idioma Eloísa Lima, é importante que os alunos aprendam desde cedo um segundo idioma na escola. “O período considerado ‘crítico’ para a linguagem vai desde o nascimento até os 7 anos. Ou seja, é aí que a pessoa aprende melhor a ter domínio do idioma. Depois disso, só traduz da segunda língua para a língua materna”, explica. “Quanto mais velho, mais lenta e mais sofrida é a tradução.” Para Eloísa, professores têm de abandonar o método expositivo e investir em conteúdos de interesse dos alunos para terem sucesso no ensino. 

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