Escolas infantis grandes e pequenas dividem opiniões

Experiências proporcionadas por cada tipo de instituição podem ajudar a família na hora de decidir onde matricular as crianças

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Por Victor Vieira
Atualização:
Decisão. Tatiana colocou Kauã em uma escola especializada em educação infantil Foto: Evelson de Freitas/Estadão

SÃO PAULO - Uma escola pequena com turmas menores e estrutura especializada ou um colégio em que é possível seguir nas próximas etapas de ensino e criar forte vínculo. As duas opções costumam encher os pais de dúvidas e dificultar a escolha da instituição em que o filho iniciará a educação infantil. A melhor alternativa dependerá de qual experiência a família deseja proporcionar para a criança. 

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Em geral, quem escolhe instituições que têm apenas educação infantil quer acolhimento para os filhos. Sem convívio com crianças maiores, a ideia é personalizar a atenção. Para especialistas, o foco na creche e na pré-escola ajuda na construção de currículos e espaços mais adequados para as faixas etárias.

Essa foi a opção de Tatiana Freire para o filho Kauã, de 4 anos, que estuda na Balou Berçário e Escola, no Morumbi, zona sul da capital. “Ouvi que a criança teria mais independência na escola grande, mas ele se desenvolveu muito bem na menor.” Segundo a gerente comercial, sua escolha foi influenciada pela estrutura adaptada, que vai de turmas pequenas a móveis sem quinas e brinquedos próprios para cada idade. 

A chance de estudar em ambiente em que todos se conhecem também pesa na decisão dos pais. “O clima é familiar. A escola se torna extensão da própria casa”, diz a psicóloga Ana Paula Tanan, que matriculou os filhos em um colégio só de educação infantil. Arthur, de 5 anos, e Maria Fernanda, de 3, estudam na Sol da Vila, na Vila Madalena, zona oeste.

Evitar o convívio com os mais velhos é outro aspecto ponderado pelas famílias. Para elas, dividir espaço com crianças maiores e adolescentes pode levar a brigas ou contato precoce com materiais não recomendados.

Transição. Apoiar a passagem dos alunos para o ensino fundamental é tarefa das escolas de educação infantil exclusiva. “No último ano, trabalhamos o ganho de autonomia”, explica Fabiane Boyadjian, diretora da Escola Balou. “Se antes a professora retirava a agenda da mochila, neste momento a criança fica responsável por isso.” 

“Pesquisas internacionais mostram que escolas pequenas funcionam melhor nessa fase”, diz Maria Carmen Barbosa, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para ela, o risco de oferecer várias etapas no mesmo lugar é antecipar conteúdos. “Por pressão da cultura e da família, há tendência de só preparar para o 1.º ano.” Outro problema é reduzir a chance de encarar novos grupos sociais. 

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Sequência. Ao contrário de quem busca escolas pequenas, algumas famílias miram a continuidade nas maiores. A criança entra em uma instituição na qual pode seguir nas próximas etapas de ensino. Assim, defende parte dos pais e especialistas, a aprendizagem ficará sob a mesma linha pedagógica e os laços sociais serão mais fortes.

“Minha escolha foi pela sensação de comunidade”, diz a designer Eliana Abitante, que matriculou a filha em uma escola com aulas até o ensino médio. Olívia, de 5 anos, estuda no Colégio Equipe, em Higienópolis, na região central. Segundo Eliana, o convívio com os colegas maiores enriquece. “Isso nunca foi problema, mas um valor. Ela aprende com outros de várias idades. No futuro, ensinará os mais novos.” 

Na educação infantil do Equipe, as turmas mesclam alunos de 3 a 5 anos. Como na maioria dos colégios mistos, os pequenos têm horários e espaços reservados. Mas também há atividades de integração, em que os mais velhos ajudam as crianças.

Para os pais, outro aspecto positivo é que o matriculado na educação infantil tem vaga garantida na mesma instituição nas etapas seguintes. A proximidade de casa e o interesse em manter irmãos de diferentes idades no mesmo lugar também influenciam a escolha.

Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Maria Letícia Barros Nascimento, ficar no mesmo colégio tem benefícios. “Se a criança se sente confortável, melhor. Já conhece as pessoas e as dependências.”

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