Escola para a vida toda muda com o aluno

Instituições que oferecem todas as etapas - de infantil ao ensino médio - buscam acompanhar transformações do mundo e também dos estudantes

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Por Luciana Alvarez
4 min de leitura

SÃO PAULO - Quando foi procurar pela primeira vez uma escola para os filhos, um dos critérios de Ana Lucia de Moraes foi que a instituição oferecesse desde o ensino infantil até o médio. “Eu queria uma escola em que eles permanecessem, para ter uma linearidade no aprendizado”, conta. Ela não acertou de primeira, mas conseguiu reconhecer logo que os filhos precisavam mudar. “Após dois anos, vi que a escola estava enfrentando alguns problemas e busquei outra.”

A família optou então pela Escola Móbile, onde Pedro e Gabriela, hoje com 19 e 17 anos, e mais tarde Lívia, de 15, se adaptaram bem e permaneceram até o ensino médio. Gabriela, que está no último ano, já antecipa que sentirá saudade ao se formar. “Sinto como uma segunda casa, passo muito tempo lá.” E, apesar da fama de ser uma instituição que prepara bem para o vestibular, ela garante que é muito mais do que isso.

“Toda sexta à tarde, por exemplo, tem alguma atividade cultural, e eu sempre participei. São coisas que a gente leva para a vida.” Sua irmã, Lívia, no 1.º ano do ensino médio, concorda que o colégio tem vantagens além da preparação para a faculdade. “O Móbile acompanha a gente de perto e se preocupa também com o lado emocional. Na parte pedagógica, gosto da importância que se dá aos processos. Quase nada é decorado, a gente tem de entender mesmo.”

Ana Lucia buscou a Móbile para as filhas Lívia e Gabriela porque oferecia todos os ciclos Foto: Felipe Rau/Estadão

O diretor do ensino médio da Móbile, Wilton Ormundo, acredita que uma boa comunicação com os pais, desde a apresentação da proposta da escola, é essencial para que uma parceria se estabeleça e os alunos possam ficar por muito anos. Mas não basta conversar, o colégio tem de acompanhar a evolução no mundo. “A escola tem de estar atenta aos fenômenos da contemporaneidade. Há 40 anos, quando a Móbile foi fundada, se falava em habilidades cognitivas. Hoje, as habilidades socioemocionais também são imprescindíveis. Acompanhar essas mudanças não é ceder a modismos.”

Uma escola que se transforma, que se adapta às exigências do mundo: também é assim que Vager Silva, coordenador do ensino médio do Colégio Agostiniano Mendel, vê a instituição. “Estamos sempre oferecendo algo a mais. Temos cursos de aprofundamento à tarde, projetos de trabalho voluntário, campeonatos esportivos, certificações internacionais de inglês. Nas aulas de Educação Física, quem não gosta de esportes pode optar pela ginástica.”

A partir de 2018, o colégio passa a oferecer no contraturno o programa de high school, no qual o estudante obtém um diploma que pode ser usado para entrar em faculdades dos Estados Unidos. “Já temos alunos que entraram em universidades americanas e vimos que há um interesse crescente.”

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Cada período. Além de se modificar, uma escola precisa acompanhar as transformações naturais de crianças e adolescentes, em cada etapa do desenvolvimento. “Quando fui procurar uma escola de ensino fundamental para minha filha mais velha, saber se ela ficaria até o médio não era uma preocupação. Olhei para aquela etapa, ouvi as indicações da diretora da pré-escola onde ela estava, fui até a porta da escola para conversar com alguns pais”, lembra-se Célia Hori, mãe de Cláudia, de 21 anos, que estudou no Colégio Vértice por dez anos, e de Ricardo, de 16, que stá no 2.º do ensino médio na mesma instituição.

A escola tinha o perfil que a família procurava e os dois filhos seguiram sempre ganhando mais autonomia. “Acho bom que eles aprendem a resolver os problemas sozinhos. Se têm dúvidas, há um esquema de plantão na escola. Quando começa o médio, passam a ficar dois dias em período integral, mas saem no almoço, vão a um restaurante perto com os amigos”, conta Célia.

O diretor do fundamental 2 e do médio do Vértice, Adilson Garcia, defende que o alinhamento entre as crenças da escola e da família é o item mais importante para uma parceria duradoura. “Pela nossa ‘fama’, algumas famílias vêm procurar o Vértice no fim do ensino médio. Mas bater firme no processo de transformar informação em conhecimento é só um recorte do trabalho da escola. O que nos interessa é o desenvolvimento integral.” Garcia cita valores trabalhados desde o infantil. “Prezamos o respeito em todos os níveis, entre colegas, funcionários. Uma família que, ao interagir com um porteiro, gosta de botá-lo um degrau abaixo não está de acordo com nossos princípios.”

Vínculos. A proximidade de casa, a oferta de diversas atividades extracurriculares, o programa de bolsas, o alto índice de aprovação em vestibulares são alguns dos pontos que Walter José Guidi destaca como fatores que levaram sua família a matricular os filhos, Julia e Danilo, no Colégio Albert Sabin. Mas o que os fez seguir durante todas as etapas na mesma instituição foi a qualidade dos relacionamentos. “Eles gostam muito dos colegas e também dos professores. No ensino médio, a escola tem um apadrinhamento de alunos por professores. Funciona como uma espécie de tutor. Eles se encontram até fora da escola, saem para almoçar”, diz o pai. 

Ao conseguir cativar pais e alunos, os vínculos se estreitam e perduram não apenas durante a vida escolar do aluno, mas também de seus filhos. “Quis botá-los no Santa Cruz porque estudei lá e gostei muito. Se hoje ligo na escola, todo mundo sabe quem sou, quem são meus filhos”, diz Ana Maria Lobo, mãe de Ricardo, de 17 anos, aluno do 2.º ano do ensino médio. As duas filhas mais velhas também fizeram toda a educação básica na instituição. “Claro que tinha um risco de ter dado certo para mim, mas não para eles. Mas todos se acertaram bem.”

PASSO A PASSO PARA A DECISÃO

Consenso Reflita em família sobre o que consideram importante uma escola oferecer, e o que seria um problema. Todos devem ser honestos e os pais precisam chegar a um consenso.

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Pesquisa Procure saber quais são as instituições perto da sua residência, veja se a faixa de preço está adequada às possibilidades familiares, e só então comece as visitas.

Visita Durante a ida ao colégio, observe o clima entre os estudantes e a relação deles com os funcionários. Ao conversar com os gestores, peça exemplos, para entender como a filosofia da escola se dá na prática.

Informação Vá à porta da escola no horário de entrada e saída. Puxe conversa com pais e alunos, ouça a visão deles sobre a escola, veja se está de acordo com o que é dito oficialmente.

Prioridade Tenha consciência de que “a escola perfeita” não existe e de que será preciso ceder em alguns pontos. O essencial é que o filho se sinta bem naquele ambiente e tenha vontade de aprender.