PUBLICIDADE

Entenda a crise entre o reitor da USP e a Faculdade de Direito

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

 A decisão da Faculdade de Direito da USP de declarar o reitor, João Grandino Rodas, 'persona non grata', é mais um movimento num conflito que já dura, no mínimo, um ano. O último ato de Rodas como diretor da faculdade de Direito foi a transferência da biblioteca, questionada e parcialmente revertida pela atual administração no primeiro semestre de 2010. Rodas também criticou a família do banqueiro Pedro Conde, que pediu à Justiça a devolução de R$ 1,1 milhão e indenização por danos morais porque o local não ganhou a denominação de Sala Pedro Conde, homenagem ao fundador do BCN e doador da faculdade. “A explicação pela falta de fidalguia deve residir no modo acintoso e mesquinho de grupo da faculdade", afirmou Rodas, "que transformou uma tentativa de homenagem, em detrimento público e reiterado a ex-aluno que foi um dos fundadores do sistema bancário brasileiro."O conflito ficou mais intenso no fim de agosto, quando a reitoria da USP usou o boletim periódico divulgado por sua Assessoria de Imprensa para questionar de forma veemente o projeto do Clube das Arcadas, complexo esportivo, comercial e cultural que o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito, pretende construir no Ibirapuera, zona sul da capital. O texto inclui 15 "perguntas que precisam ser esclarecidas" sobre o empreendimento. Uma delas questiona se o projeto é ético.À época, o presidente da Associação dos Antigos Alunos, José Carlos Madia de Souza, se disse "estupefato" após ler o boletim. "O reitor, quando era diretor da faculdade, participou de reuniões com o escritório Pinheiro Neto (que está prestando auxílio jurídico ao projeto) para falar do clube", afirmou. A associação, ao lado do XI de Agosto e da Associação Atlética da Faculdade de Direito, serão os administradores do complexo.No dia 20 de setembro, a reitoria da USP dedicou uma edição especial do boletim para criticar a direção da Faculdade de Direito, acusada de não dar andamento a projetos da gestão passada - quando a unidade era comandada por Rodas. Segundo o texto, a atual gestão “descontinuou projetos” da administração anterior, o que implica “desperdício do dinheiro público, contraria a lei e a moralidade administrativa”. O atual diretor, Antonio Magalhães Gomes Filho, afirmou ao Estadão.edu que o boletim “foi uma agressão muito rude”.Nesta terça-feira, 27, a reitoria da USP voltou a criticar a direção da Faculdade de Direito. Em comunicado, o reitor João Grandino Rodas (ex-diretor da faculdade) fala do Clube das Arcadas e retoma a discussão sobre doações milionárias para reformas de sala de aula que exigiam como contrapartida o batismo dos espaços acadêmicos com os nomes dos doadores. Disse o reitor: "A culpa (da situação da unidade) cabe à exploração política dos assuntos domésticos da FD e ao afã de apequenar pessoas e opor membros de uma mesma instituição, jamais vista em tão alto grau. É doloroso observar que os 'cabeças' do movimento passam pela vida da FD (alguns já a deixaram, outros estão prestes a deixá-la, mas, com certeza, todos a deixarão um dia), transmitindo seu legado negativo de desconfiança do colega, de falta de iniciativa e de não realização".A congregação da Faculdade de Direito, da qual fazem parte alunos, funcionários e professores, decidiu nesta quinta-feira encaminhar ao Ministério Público uma lista de medidas tomadas por Rodas que julga merecedoras de atenção. Entre os pontos que podem ser investigados, segundo a comunidade da São Francisco, está o uso de verba pública para produzir boletins com críticas à faculdade.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.