29 de setembro de 2011 | 20h07
O conflito ficou mais intenso no fim de agosto, quando a reitoria da USP usou o boletim periódico divulgado por sua Assessoria de Imprensa para questionar de forma veemente o projeto do Clube das Arcadas, complexo esportivo, comercial e cultural que o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito, pretende construir no Ibirapuera, zona sul da capital. O texto inclui 15 "perguntas que precisam ser esclarecidas" sobre o empreendimento. Uma delas questiona se o projeto é ético.
À época, o presidente da Associação dos Antigos Alunos, José Carlos Madia de Souza, se disse "estupefato" após ler o boletim. "O reitor, quando era diretor da faculdade, participou de reuniões com o escritório Pinheiro Neto (que está prestando auxílio jurídico ao projeto) para falar do clube", afirmou. A associação, ao lado do XI de Agosto e da Associação Atlética da Faculdade de Direito, serão os administradores do complexo.
No dia 20 de setembro, a reitoria da USP dedicou uma edição especial do boletim para criticar a direção da Faculdade de Direito, acusada de não dar andamento a projetos da gestão passada - quando a unidade era comandada por Rodas. Segundo o texto, a atual gestão “descontinuou projetos” da administração anterior, o que implica “desperdício do dinheiro público, contraria a lei e a moralidade administrativa”. O atual diretor, Antonio Magalhães Gomes Filho, afirmou ao Estadão.edu que o boletim “foi uma agressão muito rude”.
Nesta terça-feira, 27, a reitoria da USP voltou a criticar a direção da Faculdade de Direito. Em comunicado, o reitor João Grandino Rodas (ex-diretor da faculdade) fala do Clube das Arcadas e retoma a discussão sobre doações milionárias para reformas de sala de aula que exigiam como contrapartida o batismo dos espaços acadêmicos com os nomes dos doadores. Disse o reitor: "A culpa (da situação da unidade) cabe à exploração política dos assuntos domésticos da FD e ao afã de apequenar pessoas e opor membros de uma mesma instituição, jamais vista em tão alto grau. É doloroso observar que os 'cabeças' do movimento passam pela vida da FD (alguns já a deixaram, outros estão prestes a deixá-la, mas, com certeza, todos a deixarão um dia), transmitindo seu legado negativo de desconfiança do colega, de falta de iniciativa e de não realização".
A congregação da Faculdade de Direito, da qual fazem parte alunos, funcionários e professores, decidiu nesta quinta-feira encaminhar ao Ministério Público uma lista de medidas tomadas por Rodas que julga merecedoras de atenção. Entre os pontos que podem ser investigados, segundo a comunidade da São Francisco, está o uso de verba pública para produzir boletins com críticas à faculdade.
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