Ensino médio estadual em SP melhora, mas está longe do 'adequado'

Desempenho nos anos finais do fundamental também avançou, mas não atingiu patamar considerado 'adequado' pelo governo

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Por Victor Vieira
Atualização:

Atualizado às 22h10

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O desempenho em Matemática e Português dos alunos da rede estadual paulista melhorou em 2014, mas ainda está longe do nível considerado “adequado” no ensino médio e no fim do fundamental (9.º ano), segundo avaliação feita pelo próprio governo do Estado. As duas etapas são consideradas gargalos para o avanço da qualidade da educação pública, tanto em São Paulo quanto no País. 

Os resultados da última edição do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) foram divulgados nesta segunda-feira, 9, pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). No fim do primeiro ciclo do fundamental (5.º ano), também houve melhora nas duas disciplinas, mas só Matemática ficou abaixo do “adequado”, conforme os patamares de avaliação do Saresp.

As notas repetem a tendência observada nos últimos anos no Saresp e em outras avaliações nacionais. O movimento, de acordo com especialistas, tem sido de alta nos anos iniciais do fundamental, mas de estagnação nas etapas seguintes. 

O Saresp avalia a rede em quatro níveis: “abaixo do básico”, “básico”, “adequado” e “avançado”. Os alunos enquadrados nos níveis “básico” e “adequado” têm aprendizado considerado suficiente para a Secretaria Estadual da Educação. Apenas aqueles nivelados no patamar “abaixo do básico” têm domínio do conhecimento considerado insuficiente para aquela etapa de ensino. 

Escola Estadual Alexandre von Humboldt,uma das poucas que funcionam no período integral Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O sistema de avaliação existe desde 1996. O objetivo do Saresp é diagnosticar o aprendizado dos estudantes dos 2.º, 3.º, 5.º, 7.º e 9.º anos do ensino fundamental, além do último ano do ensino médio, e subsidiar políticas educacionais. 

No ensino médio, a nota de Português melhorou de 262,7 pontos para 265,5 pontos entre 2013 e 2014. O patamar adequado é de 300 pontos. Isso significa, por exemplo, que os estudantes avaliados têm dificuldades em descobrir o público-alvo e os objetivos do autor de uma notícia ou propaganda. Nessa etapa, cerca de um terço dos alunos (33,8%) têm nível de conhecimento “abaixo do básico”. 

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Já em Matemática, esse mesmo grupo de alunos passou de 268,7 pontos para 270,4 pontos - o nível adequado é de 350 pontos. Os adolescentes não conseguem, por exemplo, interpretar informações transmitidas por meio de gráficos. Nessa etapa, mais da metade (53,9%) está “abaixo do básico”. 

Nos anos finais do ensino fundamental, a nota subiu de 226,3 para 231,4 em Português (o adequado é 275 pontos). Nos anos finais, o avanço foi de 242,6 pontos para 243,1 pontos (o adequado é de 300 pontos). Nos anos iniciais do fundamental, a melhora em Português foi de 199,4 pontos para 203,7 pontos (o adequado é 200 pontos). Em Matemática, a mudança foi de 209,6 pontos para 216,5 pontos (o adequado é 225 pontos). 

Problemas. Questionado sobre as dificuldades de melhorar o ensino estadual, Alckmin respondeu que a rede paulista é uma das melhores do País. “Estamos com uma rede de quatro milhões de alunos, praticamente, e estamos sempre entre as três melhores redes de ensino do País: nós, Santa Catarina e Minas”, afirmou. “No ensino médio, entrou Goiás, mas nós continuamos entre os melhores, com uma rede bastante grande”, disse. 

A meta, segundo a secretaria, é aumentar em pelo menos 10% o número de alunos no patamar “adequado” em cada uma das próximas edições do Saresp. A pasta também destacou o alto índice de participação na última edição do exame: 90,1% dos matriculados na rede participaram da prova, o que corresponde a 1,3 milhão de jovens. 

Somados aos alunos das redes municipais e particular, que têm adesão voluntária, 2,1 milhões de estudantes fizeram o Saresp no ano passado. Ainda não há data para a divulgação das médias das outras redes e da média por escola. 

Os resultados do Saresp também pesam na distribuição de bônus aos professores. O exame compõe o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), principal indicador de qualidade educacional paulista. Professores das escolas que superam suas metas no Idesp ganham o direito a gratificações de até 2,9 salários. 

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