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Enem deve ter prova geral e específica a partir de 2024

Recomendações para mudanças foram apresentadas no Conselho Nacional de Educação (CNE)

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Por Renata Cafardo
Atualização:

Em meio a pedidos de demissão no Inep, foram apresentadas na segunda-feira no Conselho Nacional de Educação (CNE) as recomendações para o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deve ser aplicado em 2024. O Estadão teve acesso ao documento que indica que a prova deve ter duas etapas, uma de conhecimentos gerais e outra, dividida em quatro áreas profissionais.

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A mudança no Enem é uma exigência da lei porque a partir de 2022 as escolas precisam oferecer o novo ensino médio, que dá flexibilidade aos alunos para escolher parte do currículo, de acordo com suas preferências e aspirações de trabalho. A nova prova terá, portanto, de avaliar também essa nova formação.

A proposta do parecer, cuja relatora é a presidente do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro, é que a segunda etapa do Enem seja dividida em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), classificando alunos para cursos das Engenharias, Química, Computação, entre outros; Ciências Sociais Aplicadas, para cursos de Economia, Administração, Direito; Humanidades, Linguagens e Artes, para cursos de Filosofia, História, Pedagogia, entre outros; e Ciências Biológicas e Saúde, para cursos de Medicina, Enfermagem, Meio Ambiente, entre outros.

O documento entra em consulta pública nesta terça-feira e será votado no conselho em dezembro. Não foi proposta uma prova específica para quem optar por fazer ensino técnico com o médio.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) Foto: Márcio Fernandes/Estadão

Se aprovado, o Inep deve começar a elaborar o exame a partir dessas diretrizes. Com a debandada de segunda-feira, a preocupação de Maria Helena é “como e quando” isso seria feito. “O MEC precisa se preparar, contratar consultores, fazer investimento em dinheiro e técnico para ter um novo banco de itens (perguntas da prova)”, disse. O parecer diz ainda que a prova pode ter questões dissertativas e não apenas de múltipla escolha.

Maria Helena ouviu secretarias, entidades, universidades e analisou um estudo de experiências internacionais feito pela consultoria Vozes da Educação com apoio do Itaú Educação e Trabalho. Muitos dos países analisados têm uma prova geral e outra com escolha dos estudantes. A maioria tem questões discursivas e algumas orais, como na França e no Reino Unido. China e Alemanha descentralizam a organização do exame, apesar de ele ser nacional.

O Enem foi criado em 1998 quando Maria Helena era presidente do Inep, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, como um teste de 63 questões interdiscplinares de conhecimento gerais. Em 2009, o então ministro Fernando Haddad resolveu torná-lo um grande vestibular e mudou o formato da prova, usando a motodologia de Teoria de Resposta ao Iten (TRI). Neste mesmo ano, a prova foi roubada na gráfica onde era impressa e teve de ser cancelada depois que o Estadão revelou o ocorrido. Desde então, o Enem mantém o mesmo formato.

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A intenção agora é também usar como exemplo a prova do Pisa, feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com estudantes de 15 anos no mundo todo. Assim como o Pisa, a recomendação é que o Enem avalie também questões socio emocionais.

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