Toda criança precisa sentir-se amada e a perda da família que se desfez por uma separação não pode ser compensada com um presente ou uma viagem. As observações são da terapeuta familiar da Associação Paulista de Terapia Familiar Elizabeth Polity. Em entrevista ao Jornal da Tarde, a profissional, que também dirige o Colégio Winnicott, especializado em crianças com dificuldade de aprendizagem, na região da Av. Paulista, faz considerações sobre o reflexo do divórcio nos filhos.
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Que mudanças ocorrem nas crianças cujos pais se divorciam?
O que observo é que a separação não é a causa da dificuldade de aprendizagem, mas tem relação com ela, na medida em que provoca desestabilização emocional. A questão emocional e a cognitiva estão diretamente relacionadas. Por isso é possível que a criança vá mal na escola, e isso é uma tendência, mas o processo não necessariamente é desencadeado pela separação. Situações de agressividade, violência ou de luto podem ter o mesmo efeito.
Como os pais podem agir nesse momento?
A criança precisa basicamente sentir-se amada, segura e também ter limites claros. Mesmo em tempos de crise, os limites têm de estar claros: tem de ter a hora de tomar banho, de guardar os brinquedos, de fazer as refeições. Não precisa ser um exército, mas tem de ter regras. Quando passam por uma situação mais instável, é preciso que os pais possam olhar para a criança como alguém que precisa de carinho, proteção e limites.
É comum que os pais tentem ‘compensar’ o sofrimento, mimando a criança?
A perda da família que existia não tem como ser compensada com um tênis novo ou uma viagem para a Disney. Essas mudanças precisam ser elaboradas e até choradas. É natural que a criança sinta-se triste, aborrecida. Cabe aos pais educar os filhos e tratá-los com atenção, seja nas horas boas, seja em um momento de crise. É nesse momento que essa estrutura precisa mais ainda ser mantida para que as crianças cresçam saudáveis.