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<!-- emercado -->MBAs começam a perder o embalo no País

Número de alunos cai à medida que empresas diminuem o apoio financeiro à formação dos funcionários. Especialistas culpam o cenário econômico

Por Agencia Estado
Atualização:

A febre que atacou executivos no começo dos anos 2000 se foi. E a cura não está sendo comemorada. Instituições de ensino que oferecem MBAs começaram a perder alunos, em um movimento inversamente proporcional ao crescimento e à diversificação da oferta. Para completar um quadro pouco animador, as empresas - grandes patrocinadoras da continuidade dos estudos de seus funcionários - surgiram com opções menos onerosas e que garantiriam efeitos semelhantes. Sem título Um MBA - cujo significado em inglês é Master of Business Administration (Mestrado em Administração e Negócios) - custa entre R$ 10 mil e R$ 40 mil por um ano e meio a dois anos de estudos. Estimativas não oficiais indicam que existem cerca de 6 mil cursos no País. A idéia veio dos Estados Unidos e foi adaptada ao Brasil, com preço mais baixo e características singulares. Diferentemente do americano, o MBA brasileiro é um curso lato sensu, uma espécie de especialização, o que significa não oferecer ao aluno um título de mestre. O status das três letrinhas consagradas lá fora, no entanto, se manteve quando eles foram lançados por aqui. Concorrência caiu A Fundação Instituto de Administração (FIA), entidade ligada à Universidade de São Paulo (USP), pode ser considerada uma das pioneiras. Seu primeiro curso surgiu há 12 anos e foi se multiplicando até chegar a 13 modalidades, incluindo MBA em Varejo, Marketing e Informática. "Havia uma demanda reprimida lá atrás", explica coordenador de cursos da FIA e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA), André Fischer. Lá atrás quer dizer meados do ano 2000 e 2001, quando a concorrência na FIA chegava perto dos cinco candidatos por vaga; atualmente, ela caiu para dois. Sem turma Naquele tempo o Instituto Mauá de Tecnologia tinha cinco turmas de MBA por ano. Foi caindo para quatro, depois para três e se fixou em duas. "Este ano, não conseguimos alunos suficientes para começar o curso de agosto", diz o coordenador do Centro de Educação Continuada da Mauá, Assuero Escobar. "O MBA sempre significou uma alavancagem na carreira. Mas alavancar para onde, se o mercado está parado?", completa, justificando a fuga de estudantes. Economia instável Educadores em geral culpam a instabilidade da economia e os altos índices de desemprego nos últimos anos pela queda na procura dos cursos, caros e longos. A situação do País também aparece como justificativa para a presença decrescente de empresas na hora de bancar a educação de seus executivos. Quando os MBAs surgiram, na intenção de atualizar os funcionários com noções de gestão e globalização de negócios, elas financiavam mais de 60% do preço das mensalidades. "Hoje, 80% dos nossos alunos pagam sozinhos pelos cursos", diz o vice-diretor geral da Business School da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Carlos Monteiro. Alento Instituições que não falam em queda de procura, também não notam crescimento. Na Faculdade Ibmec, o número de inscritos total está estabilizado em cerca de 400 desde 2002. Mas em outubro do ano passado não houve quórum suficiente para montar a turma de uma das unidades. Em 2001 e 2002, a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) chegou a ter 20 candidatos disputando cada uma de suas 20 vagas. O número estacionou em cerca de 10 há um ano e meio. Aos colegas, um alento do diretor de programas executivos do Ibmec, Irineu Gianesi: "Continua existindo uma massa de profissionais querendo fazer MBA, mas que está se segurando por causa da situação atual. Quando a economia melhorar, teremos mais uma demanda reprimida." leia também   Apoio à formação continua, mas subsídio cai   MEC tenta controlar mercado do lato sensu

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