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Em História, metade dos experts da base curricular pesquisa indígena

Integrante de grupo critica 'visão europeia' e sugere inovação; para professor da USP, há 'fragilidade ostensiva'

Por Paulo Saldaña
Atualização:

O grupo de 116 especialistas responsáveis pela versão inicial da Base Nacional Comum (BNC) é formado por professores de 35 universidades e servidores de secretarias municipais e estaduais de Educação de todo o País. Esse grupo foi dividido por disciplina e, dentro delas, por etapas de ensino (anos iniciais, finais e médio). No caso de História, metade dos seis professores universitários tem linhas de pesquisa que abordam história indígena.

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O Estado analisou 30 currículos das comissões de História, Geografia, Matemática, Português e Sociologia. A maioria é de docentes envolvidos em estudos de currículos, métodos de ensino e formação de professores. Há no máximo três de cada universidade.

As subcomissões das disciplinas são compostas, em geral, por dois professores universitários e dois representantes das secretarias de Educação, indicados pela União dos Dirigentes Municipais (Undime) e pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

Professor da USP), Luís Carlos de Menezes espera mudanças no texto inicial Foto: Marcio Fernandes/Estadão

Em História, por exemplo, são 13 integrantes, além de um supervisor. A disciplina foi a que mais acumulou críticas, por privilegiar a história indígena, deixando de fora saberes essenciais da história mundial.

Professor da Universidade Federal do Amapá (UFAP), Giovani José da Silva pesquisa história indígena e faz parte da equipe que redige a base. Segundo ele, as atuais versões "eurocêntricas" de currículos nunca mereceram atenção de quem hoje faz críticas à proposta inicial do País. "A versão que está no site é preliminar e expressa o desejo da equipe de 14 especialistas em romper com um modelo tradicional de ensino de História, questionando-o abertamente e colocando-o para ser discutido por todo o Brasil."

Mauro Cezar Coelho, da Federal do Pará (UFPA), está no grupo de História focado no ensino médio. Ele ressalta que a proposta é para ser discutida, mas defende que ela se baseia no acúmulo de pesquisas. "O ensino de História sempre colocou o Brasil como apêndice da história europeia, e nós entendemos que poderíamos ter uma proposta inovadora." Após a repercussão negativa que o conteúdo recebeu, o MEC ampliou o grupo e incluiu a Associação Nacional de História (Anpuh) na equipe. 

Disputa. A vice-presidente da Undime, Manuelina Martins, diz que é difícil construir um texto com um grupo tão diverso. "Os professores das escolas que participam pedem que se chegue ao mais detalhado possível, enquanto a visão do pesquisador é outra", diz ela, que critica os prazos.

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Professor da Universidade de São Paulo (USP), Luís Carlos de Menezes participa da equipe de assessores montada pelo MEC e também coordenou a colaboração encaminhada pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo pelo portal. Segundo ele, é preciso assumir que o texto tem "fragilidades iniciais ostensivas". "A segunda versão é que será como um rascunho para uma nova crítica", afirma.

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