Em assembleia, UFSC recusa Future-se e aprova indicativo de greve

Assembleia também discutiu a possibilidade da suspensão do vestibular em 2020; posicionamento definitivo sobre esses assuntos deve sair na tarde desta terça-feira, após reunião do conselho universitário

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Por Fabio Bispo
Atualização:

Alunos, técnicos e professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) se posicionaram contra a adesão ao programa Future-se, durante assembleia unificada na noite de segunda-feira, 2. Também foi aprovado indicativo de greve geral a partir do dia 10 deste mês. O posicionamento definitivo da instituição será deliberado pelo Conselho Universitário (CUn) nesta terça-feira, 3.

No encontro, que durou mais de três horas, também foi votada possibilidade de suspensão do vestibular 2020, que está programado para ser lançado nesta quinta-feira, 5. O reitor Ubaldo Balthazar, que participou do encontro, avaliou a assembleia como legítima e ressaltou que as propostas serão levadas ao Conselho Universitário. "A assembleia, convocada pelas entidades representativas de estudantes, técnicos e docentes, transformou-se em uma assembleia estudantil, o que não lhe tira a importância e legitimidade. Foram apresentadas propostas que, em última análise, serão avaliadas pelo Conselho Universitário", declarou.

Universidade Federal de Santa Catarina passa por crise financeira Foto: Henrique Almeida/UFSC

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A tendência é de que o conselho acompanhe a decisão da assembleia quanto ao Future-se. Já sobre a suspensão do vestibular 2020, a UFSC emitiu um comunicado afirmando que o concurso está confirmado e que "é ato administrativo regular, regido pelo Conselho Universitário".

O Future-se foi anunciado pelo MEC em julho deste ano para promover maior autonomia financeira nas universidades e institutos federais por meio de incentivo à captação de recursos próprios e ao empreendedorismo. De acordo com a proposta, a adesão ao Future-se não é obrigatória. O governo tem afirmado que as universidades e os institutos federais não serão privatizados e orçamento anual continuará sendo destinado às instituições. Antes de ser efetivamente implantada, a proposta ainda precisa ser aprovada pelo Congresso. Outras federais, como a UFRJ, a maior do país, já anunciaram que não pretendem aderir ao programa. 

Novas medidas de contenção

Na sexta-feira, 30, a Administração Central da UFSC emitiu comunicado detalhando as medidas já tomadas e as que estão sendo planejadas para serem implantadas caso os bloqueios orçamentários do governo federal às instituições de ensino superior persistam.

A UFSC anunciou que já promoveu renegociações de contratos, que geraram uma redução de 95 postos de trabalho terceirizados, e reduziu o cardápio do Restaurante Universitário. A partir de 15 de setembro, caso não seja revista a política de cortes, poderá haver restrições ao Restaurante Universitário, além da suspensão de eventos acadêmicos, de concessão de novas bolsas e racionamento de uso de energia em todos os departamentos, entre outras medidas, segundo a administração da universidade.

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O MEC encerrou a consulta pública ao programa Future-se na última sexta, 30. A partir de agora, segundo informou o órgão, será realizada uma análise das propostas, que usará softwares específicos para classificar as sugestões, para que então sejam promovidas possíveis alterações ao texto da minuta de projeto que será enviado ao Congresso.

Procurado pelo Estado, o órgão diz que não há uma lista oficial de instituições que recusaram o programa, mas confirma que 15 universidades teriam sinalizado adesão ao projeto.

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