Eles ainda preferem o papel

Universitários americanos enviam mensagens de texto aos amigos o tempo todo, mas, para estudar, ainda escolhem o bom e velho livro impresso

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Por Lisa W. Foderaro
Atualização:

 

Eles escrevem mensagens de texto para os amigos o dia inteiro. À noite, pesquisam para trabalhos em laptops e se comunicam com os pais pelo Skype. Mas, quando caminham pelos gramados das universidades, estudantes americanos ainda carregam livros pesados e antiquados – e adoram isto.

 

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“O texto impresso nunca tem o inconveniente de sumir da tela”, diz Faton Begolli, universitária de Boston. “Também não pega vírus. Sem livros, estudar não seria a mesma coisa. Eles definem há mil anos o conceito de academia.”

 

Segundo a Associação Nacional de Livrarias Universitárias, os livros digitais representam apenas 3% das vendas deste segmento, embora a associação preveja que eles deverão crescer para algo entre 10% e 15% até 2012, à medida que novos títulos ficarem disponíveis. Em dois estudos recentes – um da associação e outro da rede Student Public Interest Research Groups –, 75% dos entrevistados disseram que ainda preferem o livro impresso. Muitos relutam em abrir mão da possibilidade de folhear rapidamente as páginas, escrever nas margens e assinalar trechos, embora novos aplicativos já permitam fazer isso na tela.

 

“Esses estudantes cresceram aprendendo em impressos”, diz Nicole Allen, diretora da Student Public Interest Research Groups. “Na transição para o ensino superior, não surpreende que eles continuem preferindo um formato com o qual estão acostumados”.

 

Essa lealdade tem um preço. O gasto com títulos dos cursos universitários aumentou quatro vezes mais que a inflação nos últimos anos. O custo médio no ano letivo varia de US$ 700 a US$ 900.

 

A frustração dos estudantes com esse gasto e o surgimento de novas tecnologias criaram uma série de opções. Sites como Amazon e Textbooks.com vendem livros novos e usados.

 

Há vários serviços via web que alugam títulos durante o semestre. Este ano, cerca de 1.500 livrarias universitárias oferecem a opção do aluguel – eram apenas 300 em 2009.

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No Hamilton College, universidade que parece saída de um pôster de propaganda, em Clinton, norte do Estado de Nova York, alunos encontraram outro modo de evitar intermediários. Um site sem fins lucrativos criado este ano lhes permite vender obras impressas usadas diretamente aos colegas.

 

Uma comparação feita nas livrarias universitárias mostrou a quanto chega a diferença de preços. Um livro de Direito Constitucional, por exemplo, custava US$ 189,85 novo, US$ 142,40 usado e US$ 85,45 para alugar – um título eletrônico em geral é mais barato do que um livro usado e mais caro que o aluguel.

 

Na quinta-feira, alunos de mais de 40 universidades de todos os Estados Unidos planejam realizar um Dia de Ação dos Livros de Texto Acessíveis, organizado pelo Student Public Interest Research Groups. O objetivo do evento é convencer os professores a escolher textos mais baratos ou os que são oferecidos gratuitamente online.

 

“No semestre passado, aluguei os textos para psicologia, e foi mais barato. Mas para matérias como química orgânica, preciso conservar o impresso”, diz Victoria Adesoba, estudante do curso preparatório de Medicina da New York University. “Livros digitais são bons, mas é tão tentador acessar o Facebook, mesmo com o risco de acabar com a vista.”

 

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Apesar disso, a Barnes & Noble College Booksellers trabalha a todo vapor para vender sua nova ferramenta NOOKstudy, que permitirá aos estudantes navegar pelos textos digitais em Macs e PCs. A companhia, que opera 636 livrarias universitárias em todo o país, como a da Hamilton, lançou o novo aplicativo em meados do ano. O aumento das vendas esbarra, porém, no número de títulos. Na Hamilton, por exemplo, só 20% deles são vendidos como textos digitais.

 

Enquanto isso, o custo dos livros universitários virou motivo de preocupação de políticos. No mês passado, o senador republicano Charles Schumer pediu às livrarias universitárias que estimulem o aluguel de livros. O motivo: pesquisa feita pelo seu gabinete em 38 livrarias de câmpus de Nova York e Long Island apurou que 16 delas não oferecem essa opção.

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