<!-- eestatísticas -->Provão revela média ruim nos cursos universitários

Na maioria dos cursos a nota média dos estudantes gira em torno de 20 e 40 pontos, numa escala que vai até 100. Provão mostrou também que os mais pobres são maioria na universidade pública

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Por Agencia Estado
Atualização:

Nenhum dos cursos universitários avaliados neste ano pelo Exame Nacional de Cursos, o Provão, teve nota média acima de 80 pontos - numa escala que vai até 100. Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação mostram que, na maioria dos cursos (58,2%), a nota média dos estudantes gira em torno de 20 e 40 pontos. Neste ano, 5.897 cursos de 26 áreas de conhecimento foram avaliados. Ao todo, 423.946 formandos participaram do Provão, realizado em julho. As notas dos alunos foram divulgadas em boletins individuais, a partir do mês passado. Segundo o Inep, na pontuação dos cursos, as cinco áreas com o maior porcentual de conceitos A e B são Odontologia, Jornalismo, Agronomia, Medicina e Engenharia Civil. Neste último curso, o conceito A equivale a 50 pontos. É a primeira vez que o governo divulga as notas absolutas dos cursos. Desde a criação do exame, em 1997, o MEC apresentava os resultados somente pelos conceitos de A a E. Sem ranking Preparando um novo modelo de avaliação dos cursos superiores, o Inep anunciou que neste ano não compôs um ranking de instituições de ensino de acordo com a pontuação. Apenas organizou-os por ordem alfabética, indicando os resultados obtidos por seus alunos. De qualquer forma, é possível identificar na longa lista de instituições o que interessa aos estudantes: os cursos que estão bem conceituados ? A e B -, os regulares ? C ? e os que tiveram baixa pontuação ? D e E. O presidente do Inep, Luiz Araújo, ressaltou que o conceito A não significa ?excelência?, mas apenas a representação de uma nota mais alta em relação à média dos cursos avaliados pelo exame. Se a média de notas de um curso for 30, aquele que receber 40 (e não 90 ou 100) pode ter um conceito A, segundo Araújo. A partir de 2004, o Índice de Desenvolvimento do Ensino Superior (Ides) será o resultado da avaliação do aluno, do professor, da infra-estrutura da instituição e do seu grau de responsabilidade social, segundo o presidente do Inep. "Quando tiver o Ides, essa fotografia estará mais próxima da realidade", afirmou. Mais pobres O Provão 2003 também trouxe um dado relevante para recentes discussões no âmbito do governo Lula: os filhos dos ricos não dominam as universidades públicas, como afirmava o documento Gasto Social do Governo Central - 2001-2002 do Ministério da Fazenda, divulgado há um mês. Dos formandos das universidades públicas que fizeram o exame, 70,8% são de famílias com renda inferior a R$ 2.400 e 29,1% estão acima deste valor. Já nas instituições privadas, 41,6% têm renda acima de R$ 2.400. As públicas têm 26,5% dos estudantes com renda familiar até R$ 720, enquanto as privadas têm apenas 12,9%. Para o presidente do Inep, os dados mostram que não se justifica qualquer mudança na gratuidade das instituições públicas com base na renda familiar. "Fica evidente que nas instituições públicas é significativamente maior o porcentual de alunos com renda familiar mais baixa e, inversamente, nas privadas é maior o porcentual de alunos com renda familiar mais alta." O ministro da Educação, Cristovam Buarque, surpreendeu-se com a renda familiar dos alunos das universidades públicas. Mas afirmou que, mesmo assim, eles estão entre os 20% mais ricos do Brasil. "A concentração continua", lamentou. Segundo o ministro, os pobres em geral não passam da 4.ª série do ensino fundamental, são raros na 8.ª e quase nenhum no ensino médio. O desafio mais urgente é garantir a estas pessoas o ensino médio, diz Cristovam, que encaminha hoje à Casa Civil proposta com ajuda financeira às universidades públicas e diretrizes para a reforma destas instituições.

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