O Ministério da Educação encontrou 102.823 alunos fantasmas nos dados informados por Estados e municípios ao Censo da Educação Básica 2004, apresentado na quarta-feira. Cerca de 4 mil escolas em 309 municípios - incluindo todas as capitais - foram vistoriadas pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep) depois do envio dos dados. As matrículas foram cortadas, mas as prefeituras ainda tem 30 dias para recorrer do resultado. O número de estudantes do Censo Escolar é usado para distribuir recursos do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), da merenda escolar, do livro didático e do programa Dinheiro Direto na Escola. O inchaço dos números significa mais dinheiro para as prefeituras. Os fantasmas encontrados representam cerca de 4,5% das matrículas nessas cidades. No entanto, o Inep informa que não há como expandir esse percentual para o total do censo. "Essa é uma amostra pior do que a realidade total. São selecionados, usando-se alguns critérios, os municípios com maior probabilidade de problemas", disse o presidente do Inep, Eliezer Pacheco. Entre os critérios está o fato do município já ter tido problemas anteriormente. Os técnicos também incluem na lista aquelas cidades onde o percentual de alunos ultrapassa 60% da população. No ano passado, houve casos de cidades onde, comparando-se o censo da população com o censo escolar, 99% dos moradores teriam que estar na escola. Houve casos onde apenas dois habitantes não estariam na escola, segundo as informações das prefeituras. De acordo com o Inep, este ano não aconteceram casos tão gritantes e o número de fantasmas caiu. De 178 mil em 2003 para os 102 mil deste ano. Nos anos anteriores, a verificação era feita apenas no ensino fundamental, já que as políticas para as quais o censo servia de base eram também apenas para esse nível de ensino. Em 1997, quando começou o Fundef e a auditoria foi iniciada, houve um corte de 93 mil matrículas. No ano seguinte, houve um salto para 148 mil. O menor ponto foi em 2000, com 60 mil matrículas cortadas, mas em 2003 o número voltou a 93 mil fantasmas apenas no ensino fundamental. Este ano, apenas 30 mil dos 102 mil fantasmas estão nesse nível de ensino. estatísticas de educação