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<!-- eestatísticas -->Aluno rico tem 30 pontos acima do pobre no Enem

Inep mostra o peso da renda e do acesso a produtos culturais e de informação no desempenho dos alunos

Por Agencia Estado
Atualização:

Estudantes de famílias de alta renda tiveram desempenho mais de 70% superior a alunos carentes no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Esta é a primeira vez que é quantificada a diferença em notas de acordo com classes sociais no Enem. Trinta pontos separaram os jovens cujas famílias vivem com até um salário mínimo daqueles cuja renda supera 50 salários. O estudo foi realizado pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação, e preparou uma escala de 0 a 100 para o desempenho dos alunos, apesar de o Enem ter 63 questões. Os dados foram cruzados com o questionário socioeconômico respondido pelos participantes. Estudantes cujas famílias têm bens como computador, internet e TV por assinatura tiveram média de 63 pontos. Quem não tem nenhum desses itens ou poucos deles ficou com média de 41. A diferença nas notas é menor entre alunos que nunca lêem jornais, revistas e livros e leitores assíduos: 7 pontos. O Enem é aplicado desde 1998 para os concluintes do ensino médio. Em 2003, 1,3 milhão de estudantes fizeram o exame. A média geral na prova objetiva foi de 49,5. O exame deste ano será em agosto. Pobreza da escola Para a educadora Guiomar Namo de Mello, diretora-executiva da Fundação Victor Civita, os resultados refletem a deficiência do currículo, e não a capacidade do aluno. "Isso é um sinal da pobreza da escola, da qualidade do que está sendo oferecido", afirma. Segundo ela, o ensino médio está recebendo muitos jovens que não têm acesso aos bens culturais, mas não oferece alternativas a eles. "A escola deveria assumir o papel de incorporar o que se chama hoje de atividades extracurriculares e jogar fora um monte de informações que ela insiste em colocar na cabeça dos alunos." O estudo mostra que os alunos que têm mais acesso a cursos extracurriculares (fora da escola) de inglês, artes, informática, preparatórios para vestibular e atividades esportivas também se saem melhor. Mais informação "No Enem, se sai melhor quem está exposto a uma maior quantidade de informação", diz o reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carlos Henrique de Brito Cruz. Na instituição, porém, os índices mostram resultados diferentes dos que foram verificados pelo Inep. Cerca de 20% dos candidatos ao vestibular da Unicamp são de famílias com renda inferior a cinco salários mínimos. Na lista de aprovados, a quantidade de alunos com esse perfil é praticamente idêntica. "Nosso exame é apenas dissertativo e, mesmo com pouca informação, o candidato inteligente consegue responder."

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