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<!-- eeducação -->País terá centro avançado de tecnologias sociais

Criado pelo Instituto Ayrton Senna, centro vai formar especialistas no uso de metodologias e ferramentas de educação que já provaram eficiênca em larga escala

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais do que colecionar programas bem sucedidos, o Instituto Ayrton Senna reuniu nos últimos dez anos um conjunto de metodologias e ferramentas próprias para resolver problemas crônicos da educação brasileira, como o atraso escolar, a evasão e o analfabetismo. São tecnologias sociais testadas em larga escala, ajustadas e avaliadas, com resultados expressos em números. ?Agora, é hora de transferir estas tecnologias para a sociedade?, anuncia Viviane Senna, a presidente do instituto. A partir de 2004, quem quiser poderá aprender como se faz uma turma de alunos repetentes assimilar em um ano o equivalente a até quatro séries atrasadas, com notas maiores que a média da avaliação do ensino básico - o Saeb. Poderá também entender por que o Estado de Goiás economizou R$ 96 milhões em três anos ao criar classes de aceleração num conjunto de 100 mil crianças e adolescentes, dos quais 99,2% venceram o atraso escolar e só 8% abandonaram a escola ? contra uma média de evasão de 13,9% na Região Centro-Oeste. Selo da Unesco Todo este conhecimento estará disponível no Centro Avançado de Tecnologias Sociais Ayrton Senna, que Viviane lança em março. Os formato dos cursos ainda está sendo finalizado, mas já se sabe que terão duração de seis a 12 meses. Haverá programas básicos, especializações e credenciamento, tanto profissional quanto institucional. O instituto pretende buscar no Ministério da Educação o reconhecimento de seus certificados mas, de saída, os formados terão um valioso selo nos seus diplomas: o da Cátedra em Educação para o Desenvolvimento Humano, concedido pela Unesco. Referência mundial Este selo é único no mundo, assim como o Centro Ayrton Senna será a primeira organização não-governamental no globo a abrigar uma cátedra da Unesco, que normalmente é conferida a universidades. ?A cátedra qualifica o instituto e o centro como a referência mundial em educação para o desenvolvimento humano?, explica Viviane. A Unesco percebeu o conhecimento reunido nestes dez anos e considerou o instituto um centro de excelência, pronto para ensinar. ?Foi algo sincrônico: a cátedra veio justamente quando amadurecemos a idéia do Centro Avançado?, conta Viviane. ?Há dois ou três anos vínhamos nos perguntando como vencer o desafio de transferir tecnologia social, e o Centro é uma resposta.? Ensinar experiência Desde 1999, porém, a equipe do instituto já se defrontava com o desafio de ensinar a experiência dos seus programas. ?Quando Goiás transformou o Programa Acelera Brasil em política pública, vimos que era preciso organizar o conhecimento de forma que ele se aplique e resolva não só o problema daquelas crianças, mas de quaisquer outras crianças.? O interesse de outros Estados e municípios exigiu mais universalidade e adaptabilidade às tecnologias, para que possam ser aplicadas em qualquer região do País. Pernambuco, por exemplo, adotou em 2003 o Programa Se Liga, que combate o analfabetismo no ensino fundamental, assim como há localidades no Sul, Sudeste e Norte usando metodologias e ferramentas desenvolvidas pelo instituto. Com sucesso. Vacina Parte fundamental deste sucesso se deve ao rigor da avaliação dos resultados e aos constantes ajustes. Para Viviane, a tecnologia social deve ser desenvolvida como vacina. ?Nossos programas são laboratórios onde desenvolvemos respostas e soluções, que precisam ser aplicadas, testadas e validadas?, define. Nos últimos dois anos, diz ela, as ?vacinas? ficaram prontas. Agora, o passo é fazer com que sejam aplicadas corretamente. Com dez anos, 2,681 milhões de crianças e jovens atendidos em 24 Estados, 50 mil educadores formados, 3.375 parceiros e R$ 90 milhões investidos, a equipe do instituto sabe que tem de haver condições minimamente apropriadas para que as tecnologias funcionem. ?Tivemos um Estado que deixou de cumprir as condições para implementar os programas, não mobilizou supervisores para acompanhar os professores, e não deu certo?, conta Viviane. Detalhe: para ela, não dar certo é não conseguir resultados expressivos inquestionáveis. Especialistas Apesar das falhas, a avaliação naquele Estado (que ela não nomeia) indicou melhoras consideráveis no desempenho dos alunos. ?Mas não estamos aqui para fazer 50% do que podemos fazer, e decidimos cancelar o programa lá.? Com o Centro Avançado de Tecnologias Sociais, Viviane quer formar não apenas profissionais conhecedores dos princípios e conceitos, mas principalmente especialistas treinados com a prática. ?Queremos oferecer uma residência social, como o curso de Medicina exige a residência médica?, explica. Ela quer inserir rigor científico no trabalho social do chamado Terceiro Setor. leia também Combate à desigualdade em larga escala Centro terá currículo dividido em quatro ciclos

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