Educadores explicam queda no rendimento

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Por Agencia Estado
Atualização:

Para o vice-diretor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Nélio Bizzo, estudos têm mostrado que quanto maior a desigualdade no País menor a nota média em exames como o Enem. Isso poderia explicar o fato de o desempenho dos alunos na prova ter piorado nos últimos dois anos, quando o número de participantes cresceu mais de 200% e a inscrição se tornou gratuita para alunos do ensino público ou carentes. "Mesmo assim, há uma inconsistência entre a nota da redação e a da prova objetiva", diz o professor, especialista em ensino médio. Segundo ele, a melhora no desempenho na redação pode ser explicada pelo uso de critérios diferentes nas correções. Já o professor da USP Nilson Machado, que deixou a equipe de elaboração do Enem este ano, acredita que a nota menor só pode ser justificada por uma diferença na dificuldade das questões. "O que me parece plausível é que a prova tenha ficado mais fácil." A coordenadora do Enem, Maria Inês Fini, nega que essa mudança tenha ocorrido. "Este ano, o Enem incorporou uma maior quantidade de alunos provenientes de famílias com baixa escolaridade." Os números mostram que 65% dos alunos vivem em famílias com renda inferior a cinco salários mínimos. No ano passado, essa porcentagem foi de 60%. Além disso, 73% dos que fizeram a prova este ano estudaram em escolas públicas, índice que ficou em 66% em 2001. Já a escolaridade dos pais permaneceu praticamente inalterada, em torno de 56%. Uma das críticas de Bizzo ao exame feito pelo governo é a de que seus resultados pouco interferem na melhoria do ensino médio do País. "O exame só serve para o aluno ver se o que ele aprendeu está próximo do que espera o Ministério da Educação." Para ele, a prova é um mau investimento do governo. "É como se estivéssemos investindo em termômetro, em vez de comprar remédios para a população."

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