Educadores criticam abolição de termo 'progressão continuada'

Especialistas dizem que o governo deveria estar preocupado em mudar a forma como o modelo foi implementado

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Por Tiago Dantas
Atualização:

Em vez de abolir o termo “progressão continuada” da rede estadual de  ensino, o governo deveria estar preocupado em mudar a forma como o modelo foi implementado, segundo educadores ouvidos pelo Jornal da Tarde. “O nome não vai mudar muita coisa. O problema é evitar que esse modelo que está aí se transforme em aprovação automática”, opina a professora  da Faculdade de Educação da USP Silvia Colello.

 

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“Acho um equívoco não querer usar o termo só porque está mal visto pela sociedade”, opina a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do  Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha. “A progressão continuada veio do movimento de professores e da Academia, de pessoas que lutavam  contra a evasão escolar e a repetência”, completa a sindicalista.

 

Segundo Maria Izabel, a sociedade precisa entender que o melhor professor não é “o que reprova. Mas, sim, o que ensina mais e melhor”. Antes de atingir esse  estágio, de acordo com a presidente da Apeoesp, é preciso que o governo ouça a classe, invista na formação dos professores e na redução do número de alunos  por sala. “As decisões não podem vir só de cima para baixo. As escolas podiam ser consultadas se querem adotar ou não a progressão continuada”.

 

“Não existe progressão continuada no Estado”, declara o professor da Faculdade de Educação da USP Vitor Henrique Paro. “O sistema de ciclos nunca foi  adotado (como deveria)”, critica o professor.

 

A discussão, segundo Silvia Colello, vai além do modelo educacional. A sociedade não valoriza  o conhecimento como deveria, na opinião da professora da USP. “O saber não é socialmente valorizado em uma comunidade onde 90% dos garotos querem ser  jogadores de futebol e 90% das garotas querem ser modelos. Como resolver isso? É um desafio que teremos que enfrentar”, diz Silvia.

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