<!-- ecarreira -->Professores vêem futuro fora da sala de aula

Tecnologias de informação e comunicação criam novas funções para pedagogos, seja junto com os alunos ou mesmo fora da escola

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Por Agencia Estado
Atualização:

Quando terminar seu curso de pedagogia na PUC-SP, no ano que vem, Ana Panzani não vai virar professora em sala de aula, como ocorre com a maioria dos 41,6 mil estudantes formados anualmente em 919 destes cursos pelo Brasil. Ana, de 22 anos, quer trabalhar com campanhas de conscientização pública e na formação continuada dos seus colegas que estarão nas escolas, usando para isso as novas tecnologias de informação e comunicação. ?Posso ajudar as pessoas a usar novas mídias para aprender?, diz ela. A futura pedagoga está aprendendo metodologias e técnicas para facilitar o aprendizado, como todo aluno do curso, mas não está usando estas habilidades de forma tradicional. Como estagiária na Rede do Saber ? programa de capacitação de professores da rede estadual paulista ?, ela ajudou a planejar sistemas de interação via internet, fez programação visual de sites para facilitar a navegação o e aprendizado, produziu material impresso para acompanhar cursos a distância e até pesquisou a legislação internacional sobre direito autoral. Sua rotina de videoconferências com 89 centros regionais pelo Estado é bem diferente da que imaginava ao escolher a profissão. A escola nunca vai prescindir dos colegas de Ana, que estarão ali dia após dia, mas os pedagogos e professores em geral estão despertando para novas funções e possibilidades que surgiram com a interação eletrônica e a transmissão digital. ?Pode-se conectar os alunos a outras escolas em projetos de colaboração, e isso causa um impacto enorme no aprendizado?, explica Thereza Brino, 38 anos, que coordena a ONG Enlaces Brasil. ?O estudante sabe que tem de contribuir, que todos estão esperando esta sua contribuição para concluir o trabalho conjunto, e aí não tem preguiça nem desânimo na aula?. Professores e videomakers Thereza começou a carreira como professora de turma, em 1983, mas conheceu logo os rudimentos da internet, na época do BBS. Encantou-se com a possibilidade de ?abrir a sala de aula para o mundo? e hoje cria redes de colaboração entre escolas através da ONG, nascida de um projeto do Banco Mundial, o World Links. Nesta terça-feira, ela monitorava 20 escolas do Ceará que estavam interligadas, com alunos e professores trocando conteúdos sobre fábulas, compondo um trabalho conjunto. Professores como Thereza têm sido pinçados nas escolas para atuar em secretarias de educação, mas não como funcionários da burocracia, como antigamente. ?Temos muitos professores aqui, que trazem a experiência da sala de aula para desenvolver conteúdos e sistemas de capacitação para a rede de ensino?, diz Sílvia Galetta, gerente de informática pedagógica da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, ligada à secretaria paulista. Com outros educadores, profissionais ligados a video e cinema, programadores de sistemas, engenheiros e até físicos, os professores estão ajudando a preparar seus colegas a explorar as novas tecnologias. ?Desde 2000, eles nos ajudaram a capacitar cerca de 200 mil professores no Estado?, relata Sílvia. Exigências Longe da lousa, as novas tecnologias também mudaram a rotina de dirigentes de escolas. As listas de alunos, o controle de dados e recursos, tudo foi ou está sendo informatizado, e os profissionais de educação ganham eficiência na gestão escolar. ?Capacitamos os diretores das 159 escolas municipais e criamos uma rede de troca de informações. Com isso, os diretores tornaram-se não só mais colaborativos como também mais autônomos no seu trabalho?, conta Paulo Schmidt, secretário de Educação de Curitiba. ?Essa autonomia permitiu descentralizar serviços como o de manutenção, e os custos caíram drasticamente.? Junto com as novas possibilidades, vêm novas exigências. Professores e demais trabalhadores da educação precisam hoje ter a ?capacidade de aprender fazendo?, de forma integrada com outros profissionais, de outras áreas, segundo Heloísa Collins, coordenadora do programa de formação continuada de professores de inglês na PUC-SP ? uma parceria com a Cultura Inglesa. Pioneira no Brasil em pesquisas sobre educação a distância, Heloísa lembra que o novo professor precisa se habituar a encarar projetos com desafios. ?Não adianta passar por uma capacitação em tecnologia e ir procurar emprego. Tem de entrar num projeto que requeira mudanças e ir aprendendo ao fazer.?

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