<!-- ecarreira -->Muitos diplomas e nenhuma oportunidade

Oferta de vagas para quem tem nível universitário é 30% menor que a demanda. De 1992 a 2001, 2,87 milhões de pessoas tiraram diploma

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Por Agencia Estado
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O diploma em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, a fluência em inglês e espanhol e os três estágios feitos durante a faculdade não foram suficientes para a estudante Juliana Alvim, de 24 anos, se colocar no mercado de trabalho. Desempregada há um ano e meio, ela acaba de entrar no curso de MBA na Escola Superior de Propaganda e Marketing para não ficar parada. ?Se eu terminar o curso e ainda estiver desempregada, vou desistir?, diz ela, que só então decidirá se monta o próprio negócio ou tenta outra faculdade. Juliana está sentindo na pele as conseqüências da dupla combinação de baixo crescimento econômico com a proliferação de cursos de ensino superior na última década. De 1992 a 2001, enquanto 2,87 milhões de pessoas tiraram diploma, o número de vagas geradas para quem tem ensino superior foi de 2 milhões, um déficit de 30%. Empresas mais exigentes Com tamanha oferta de mão-de-obra qualificada, as empresas estão ficando cada vez mais exigentes ? e os processos de seleção cada vez mais rigorosos e concorridos. Quando Juliana colou grau, não imaginava que a ansiedade dos tempos de vestibular não tinha ficado para trás. ?Comecei uma maratona de provas e entrevistas para uma vaga de trainee em mais de dez empresas?, diz ela, que este ano está enfrentando tudo outra vez. ?A competição é muito acirrada e você muitas vezes não sabe o que a empresa quer, que tipo de perfil ela está buscando. É diferente do vestibular, que tem critérios objetivos e você sabe o que estudar. É muito frustrante.? 16.164 para 6 vagas Ela não está exagerando quando fala em competição acirrada. Na Natura, uma das empresas mais cobiçadas pelos recém-formados, nada menos que 16.164 pessoas disputam as 6 vagas oferecidas no concurso deste ano, o que equivale a 2.694 candidatos por vaga. Na Unilever, 24.279 pessoas disputam 30 vagas (809 por 1). Quase todas as grandes empresas oferecem postos de trainee e os processos de seleção acontecem justamente nesta época do ano. ?É uma verdadeira maratona e você tem de conciliar as entrevistas e provas com a monografia do fim do curso?, conta a estudante Cristina Garcia Cardoso, 24 anos, que está concluindo o curso de Economia na Unicamp e concorre a uma vaga de trainee em pelo menos 5 empresas. Atitude e determinação Passada a triagem curricular, as empresas partem para avaliar o perfil psicológico dos candidatos: capacidade de comunicação, liderança, facilidade para trabalhar em equipe e pensamento inovador. ?Saber duas línguas deixou de ser o diferencial?, explica Lucila Camargo, consultora educacional e especialista em orientação para o mercado de trabalho. ?As empresas querem jovens com atitude, determinação. Elas buscam pessoas que possam contribuir para o seu negócio, enquanto muita gente ainda procura emprego querendo receber algo em troca, seja salário ou experiência.? Preguiça Para Thomas Case, presidente da agência de recrutamento Catho, o jovem é pouco criativo e preguiçoso. ?Todo mundo quer sair da faculdade e conseguir os mesmos empregos em multinacionais?, diz ele. ?Há vagas sobrando nas pequenas e médias empresas.? Levantamento feito no site da Catho com 13.607 desempregados com diploma mostra que 53% gastam menos de 14 horas por semana na busca de emprego, e 75% nunca leram um livro sobre como procurar emprego. ?Só quem se esforça arruma espaço no mercado?, avalia Case. leia também Vida universitária fica mais longa Desemprego intelectual cresce 131%

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