<!-- ecarreira -->Eles fizeram fama, agora vão às aulas

Personalidades garantem que são alunos assíduos e têm tratamento igual ao dos colegas

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Por Agencia Estado
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Eles fizeram tudo ao contrário da maioria. Ganharam fama - algumas vezes acompanhada de fortuna -, estabilizaram-se na profissão e só agora resolveram estudar. Burburinhos na sala de aula à parte, personalidades que resolveram encarar a faculdade garantem que são alunos assíduos e não usam a fama para conquistar a simpatia do professor ou melhorar a nota na prova. Longe dos chicotes e máscaras há algum tempo, Suzana Alves, conhecida pela personagem Tiazinha, transformou-se numa aluna exemplar do 3.º ano do curso de Jornalismo. "Apesar de as pessoas já estarem acostumadas comigo, sempre que chego há comentários, é difícil passar desapercebida", diz ela, que, em 1999, encantava os adolescentes - hoje colegas de classe - com seus números sensuais na TV. Professores e colegas, no entanto, não economizam elogios ao desempenho escolar da moça, que havia trancado a matrícula na faculdade por causa da profissão e voltou este ano a estudar. "Mesmo depois da aula, ela me liga várias vezes para saber se o texto dela está bom", conta a professora de edição jornalística da Universidade UniFiam/Faam Marcia Furtado. Apesar da dedicação, a eterna Tiazinha garante que não vai trocar a carreira artística pelo jornalismo. A faculdade é apenas uma maneira de "adquirir conhecimento". Raí e Vampeta Também envolvidos com carreiras que exigiram dedicação integral exatamente no período em que grande parte dos jovens se preocupa só com livros e provas, os jogadores de futebol Raí e Vampeta voltam agora aos bancos escolares. Raí - que começou a jogar futebol na adolescência e ainda foi pai aos 18 anos - começou este semestre a estudar mitologia grega na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), numa espécie de curso livre. Já o corintiano Vampeta, se formou no ensino médio este mês e na sexta-feira fazia exame vestibular para Educação Física na Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). "Sou uma pessoa normal e também tinha vontade de estudar", justificou. Normal mesmo. Segundo o último censo do ensino superior realizado pelo Ministério da Educação (MEC), cerca de 440 mil dos 1,2 milhão de pessoas que ingressaram nas faculdades e universidades do País em 2001 tinham mais de 25 anos. Uma das faixas etárias que mais cresceu na graduação foi a de alunos com idades entre 40 e 49 anos, perdendo apenas para a de estudantes com mais de 50. ?Já há um fenômeno nesse sentido. Muitas pessoas bem-sucedidas, que adquiriram conhecimento de maneira informal, hoje sentem necessidade de organizar esse saber", diz o educador da PUC-SP Alípio Casali. Segundo ele, contribuiu para isso a ampliação crescente nos últimos anos do número de vagas no ensino superior brasileiro. A quantidade de instituições privadas no País aumentou em quase 50% na última década. Carla Marins e Luiz Marinho "O brasileiro costumava fazer tudo na garra, com pouca formação. Mas se, além do talento, você tem também conhecimento, o caminho é menos árduo", diz a atriz Carla Marins, de 34 anos, que faz novelas desde os 17. Atualmente, ela está às voltas com física, química, geografia em um cursinho pré-vestibular no Rio. Seu objetivo é conseguir uma vaga no concorrido curso de Teoria do Teatro na Universidade do Rio de Janeiro (UniRio). "A vantagem é que eu vivi muitas das coisas discutidas no cursinho." O atual presidente da CUT, Luiz Marinho, de 44 anos, concorda que "a boa escola da vida" o ajuda no curso de Direito. "Tenho mais facilidade que a juventude no aprendizado", diz. Mesmo assim, o ex-candidato a vice governador do Estado pelo PT garante que não vai tirar emprego de nenhum futuro advogado. Ele se forma no ano que vem, mas exercer a profissão ainda não está nos seus planos. "O que eu não quero é ser vítima de preconceito por não ter formação superior." A preocupação é compartilhada pelo ex-jogador Walter Casagrande, que só não está ainda cursando uma faculdade porque perdeu o prazo de inscrição para o vestibular este ano. Ídolo do futebol, ele se tornou comentarista esportivo e articulista de jornal - tem uma coluna no Estado -, mas teme ser discriminado pela falta do diploma de jornalista.

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