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‘É erro comparar educação com qualquer outra atividade econômica’, diz Covas sobre reabrir escola

Prefeito e candidato à reeleição participou de sabatina sobre Educação realizada pelo Estadão em parceria com o movimento Todos pela Educação

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB) disse nesta sexta-feira, 23, em sabatina realizada pelo Estadão em parceria com o movimento Todos pela Educação, que é um “um erro comparar a educação com qualquer outra atividade econômica” e defendeu cautela para a reabertura das escolas na capital. 

O prefeito participou de sabatina específica para debater suas propostas na área de Educação. A entrevista contou com a apresentação da presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, e a participação dos repórteres Renata Cafardo e Bruno Ribeiro. O retorno presencial das escolas e os desafios da educação no contexto da pandemia foram os assuntos mais abordados. 

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Covas disse que a decisão de não permitir maior reabertura das escolas não se pauta em pressões, mas segue orientação da ciência e da vigilância sanitária. “É exatamente seguindo essa recomendação que não vamos liberar o retorno às aulas do ensino infantil e fundamental em novembro. Sou o responsável pela saúde dos 2,5 milhões de estudantes, dos professores, dos familiares, dos alunos.” 

A cidade de São Paulo já está na fase verde do plano de reabertura econômica (o segundo menos restritivo do programa estadual) e liberou o funcionamento de atividades culturais, como cinemas. As escolas continuam fechadas para aulas regulares e, nesta quinta-feira, o prefeito liberou o retorno apenas do ensino médio a partir do dia 3 de novembro.

Indagado sobre o tema e confrontado com estudos que dizem que escolas desempenham papel limitado na transmissão da covid-19, Covas disse que as atividades já liberadas na cidade, como cinemas e bares, não são comparáveis com a rotina na escola.

“A educação tem de ser tratada com o olhar atento para evitar qualquer segundo pico da doença. Temos inúmeros estudos em relação à transmissão dos jovens, a carga viral das crianças”, disse o prefeito, sem detalhar essas pesquisas.

Covas afirmou que a decisão de não reabrir as escolas agora não é eleitoreira e que, se fosse seguir a disputa pelo cargo de prefeito, seria “mais fácil não se envolver com esse tema”. Ele também disse que, aos poucos, professores devem ganhar mais confiança para voltar à escola e que a retomada exigirá planejamento de recuperação das aprendizagens, a partir de resultados obtidos em avaliações com os alunos.

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O prefeito Bruno Covas emsabatina sobre Educação Foto: Estadão

Desempenho no Ideb

O prefeito também respondeu a questões sobre o desempenho da cidade no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação, principal indicador de qualidade da área no País. A rede municipal teve o maior aumento no Ideb nos anos finais do ensino fundamental (6º a 9º ano), mas mesmo assim não atingiu a meta proposta para 2019. No ranking das capitais, liderado por Teresina, a cidade está em 10.º lugar.

Covas disse não estar satisfeito com a nota da cidade no Ideb, mas afirmou que pretende melhorar o desempenho por meio de avaliação anual de cada escola, para “estabelecer estratégias diferentes para cada uma”. Também disse apostar na formação de professores.

Creches

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Em relação às creches, o prefeito afirmou que haverá o desafio de buscar as crianças que não se matricularam. Como o Estadão mostrou, a pandemia do novo coronavírus fará com que, pela primeira vez desde que passou a ser monitorada, em 2012, não haja fila para creches em São Paulo no fim de 2020. Esse fenômeno se deve à queda de procura das famílias por vaga, uma vez que as unidades estão fechadas.

“A gente tinha dificuldade de reduzir a fila em creche, agora a dificuldade é a busca ativa e garantir a vaga perto da casa da criança”, disse Covas. Indagado se o número de profissionais destinados a essa busca (cerca de 1,2 mil, segundo o prefeito) não é pequeno, ele afirmou que “é um começo”. “Vamos verificar o resultado e ampliar na segunda gestão.”

Denúncias sobre convênios

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O prefeito também rebateu críticas sobre denúncias envolvendo desvio de recursos em creches conveniadas com a gestão municipal. “Nenhum desses convênios foi feito na nossa gestão. Foram mais de 300 creches descredenciadas pela Prefeitura por conta de investigação feita pela própria Prefeitura.” Covas disse ainda não ver problema na atuação do ex-secretário da Educação, João Cury, no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).

Cury foi condenado em 2ª instância pela Justiça por improbidade administrativa e recorre da decisão. A condenação se deu após a contratação de um fornecedor de material para as escolas de Botucatu, no interior paulista, durante sua gestão como prefeito da cidade. "Ele (Cury) está respondendo e vai conseguir comprovar a sua inocência", afirmou Covas. 

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Próximas sabatinas

Para Priscila Cruz, do Todos pela Educação, discutir o tema é crucial para que o País avance. "É muito importante discutir educação nessas eleições porque essa é a eleição mais importante da história da nossa República. É a eleição que vai definir prefeitos e prefeitas que vão cuidar da educação nas suas primeiras etapas, que é a condição para a gente conseguir se reconstruir como País, como Estados e cidades. Sem a educação, dificilmente vamos reconstruir tantas outras áreas", disse.

O Estadão e o movimento Todos Pela Educação vão realizar outras sabatinas sobre Educação com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. No dia 28 será a vez de Guilherme Boulos (PSOL) e, no dia 4, de Márcio França (PSB). O Estadão ainda aguarda confirmação de participação do candidato Celso Russomanno, do partido Republicanos.

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