Dúvida de estudante: viajar ou esperar o fim da greve?

Alunos da USP, Unesp e Unicamp programaram estágios e cursos de idiomas nas férias, mas a greve complicou o calendário

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Por Agencia Estado
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Desde o começo de abril, Simone Passos, 20 anos, conta os dias para as férias de julho chegarem. Além de terminar o 5.º semestre de Letras na Universidade de São Paulo (USP), ela iria realizar seu sonho de estudar inglês em Londres por quatro semanas. Às vésperas da viagem, o que era para ser um momento de alegria acabou se transformando em horas de dúvida e ansiedade. A faculdade de Simone está em greve há 32 dias e, assim, ela não terminou o semestre. Pior: como a paralisação pode terminar a qualquer momento, a reposição das aulas deve começar em julho. O que significa que a estudante terá de desistir da viagem se não quiser perder matérias e provas ou correr o risco de repetir o semestre se for melhorar seu inglês. ?Não sei o que faço e não tem ninguém para dar informação na faculdade?, conta. ?Acho que vou para Londres e na volta resolvo o que faço. Vai saber se a greve não dura até agosto?? A estudante tem até terça-feira para tomar uma decisão. ?Já fui até ver se posso adiar o curso e me disseram na agência que tenho um ano para fazê-lo se pagar US$ 200 de multa. Não sei se vale a pena.? Decisão difícil Assim como Simone, muitos estudantes da USP, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que têm unidades em greve há mais de um mês, não podem comemorar o início das férias. Viagens, intercâmbios e até estágios estão ameaçados porque ninguém sabe quando as aulas irão recomeçar. Os reitores e diretores das universidades não sabem nem que orientação dar para esses alunos. ?A situação está muito complicada e não saberia dar um conselho para os estudantes que têm algum compromisso marcado?, diz o reitor da USP, Adolpho José Melfi. ?O aluno tem de pesar o que é mais importante, mas é uma decisão difícil.? A Unicamp, em nota enviada pela assessoria de imprensa, informa apenas que cada unidade de ensino fará a reposição de aulas conforme calendário próprio e que, uma vez definido o calendário, os estudantes serão informados. Ainda segundo a nota, ?não é possível prever abono de faltas nessas circunstâncias (viagens e estágios)?. Já a Unesp lembra que os estudantes têm direito a 25% de faltas em cada semestre, o que seria suficiente para a ausência durante o período de reposição, caso o aluno não tenha faltado demais nos meses anteriores. De acordo com o diretor da Unesp de Franca, Hélio Borghi, o ideal é que os estudantes com viagens ou estágios marcados procurem seus professores para conversar. ?Cada unidade terá um calendário de reposição e não dá para prever como ele será. O melhor é tentar o diálogo antes.? Estágio e idioma O problema, contam os alunos, é encontrar os professores para conversar. ?É muito difícil achar todo mundo?, diz a estudante do 3.º ano de Biologia da Unesp Tamara Leite, 21 anos. ?Eu já desisti.? Tamara tem um estágio marcado de 9 a 28 de julho na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, e não está disposta a perdê-lo. ?É um trabalho de Biologia Marinha com golfinhos e já está marcado há três meses. Eu não podia adivinhar que ia ter greve, né?? Ela conta que ficou na dúvida mas resolveu correr o risco de perder a reposição. ?Depois recupero a matéria. Só vou torcer para não ter prova porque fazer substitutiva sempre é mais complicado.? Sua colega de curso Marília Palumbo Gaiarsa, 19 anos, também desistiu de esperar pela reposição. Na quarta-feira à noite, ela embarcou para um intercâmbio de um mês nos Estados Unidos. ?Programei essa viagem há meses e não estou indo passear, vou estudar inglês, que também é importante?, dizia na terça-feira, arrumando as malas. ?A gente não tem culpa da greve. Ninguém queria ter férias forçadas em junho e não dá para mudar tudo na última hora. Só espero que depois eu consiga recuperar tudo.?

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