Dois alunos são presos durante reintegração de posse na USP

Segundo delegado, eles devem ser indiciados por danos, furto e formação de quadrilha; diretora do DCE nega furto

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Por Victor Vieira
Atualização:

Atualizado às 11h13.

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SÃO PAULO - Dois estudantes foram presos no começo da manhã desta terça-feira, 12, após a reintegração de posse da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) feita pela Tropa de Choque da Polícia Militar. De acordo com a Polícia Civil, os manifestantes foram detidos durante tentativa de fuga do prédio e devem ser indiciados por danos e furto ao patrimônio público, além de formação de quadrilha.

Os alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da instituição João Vítor Gonzaga Campos, de 27 anos, e Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, de 23 anos, foram levados ao 93º Distrito Policial (Jaguaré) e podem ser transferidos ainda nesta terça para a delegacia de trânsito. A Polícia Militar não tem registro de detidos durante a reintegração de posse.

"A manutenção dos dois na prisão depende do Judiciário, mas nosso entendimento é de que houve graves prejuízos ao patrimônio público", afirma o delegado titular do 93º DP, Celso Lahoz Garcia. Segundo ele, outros estudantes podem ser detidos por envolvimento nos supostos furtos e depredações. Um inquérito foi instaurado em 1º de outubro, início da ocupação da reitoria da USP, para apurar eventuais ilegalidades nas manifestações. Pelas redes sociais, alunos combinam ir ao 93º DP para pressionar a polícia pela liberação dos dois detidos.

 

Além da perícia policial, funcionários da reitoria vistoriaram o prédio na manhã desta terça. Entre os objetos desaparecidos, de acordo com a polícia, estão computadores, celulares e troféus históricos da instituição. Segundo a assessoria de imprensa da USP, há paredes pichadas, mesas reviradas e portas arrombadas dentro do imóvel. Os maiores danos estão no andar térreo do imóvel, onde os manifestantes se concentravam.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o levantamento dos policiais indica que 30 alunos se revezavam no prédio nos últimos dias. Já o Diretório Central dos Estudantes afirma que centenas de manifestantes dormiram dentro da reitoria no último dia de ocupação.

Saída dos alunos. Os universitários que ocupavam a reitoria não ofereceram resistência durante a ação do 2º e 3º Batalhões de Choque da PM. A estudante de Letras e diretora do DCE, Arielli Tavares, de 23 anos, afirma que todos já haviam saído do prédio quando a Tropa de Choque da PM chegou ao local. O grupo de manifestantes foi avisado por colegas, que faziam vigília em vários pontos do câmpus Butantã para alertar sobre a entrada dos policiais na Cidade Universitária.

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Arielli também contesta a acusação sobre furtos. "A orientação do movimento, desde o início, era de zelo ao patrimônio público", garante. "Além disso, a vistoria deveria ser feita com a participação de alunos", afirma. De acordo com ela, o pedido da reintegração de posse na Justiça e ação dos policiais mostram que a administração da USP tem pouco abertura para o diálogo. "A reitoria não marcou outro encontro de negociação desde a semana passada", diz. O recurso do DCE contra a decisão que autoriza a reintegração de posse foi negado pela Justiça.

Protesto nas ruas. Na tarde desta terça-feira os alunos da USP planejam novo ato, com concentração na Praça do Ciclista a partir das 16h. O grupo reivindica eleições diretas na universidade, pauta que motivou a ocupação da reitoria, e protesta contra a truculência policial no câmpus.

A Assessoria de Imprensa da USP informou que não serão feitos novos encontros de negociação entre alunos e reitoria e que o DCE deve ser responsabilizado, em processo administrativo, pelos prejuízos à universidade.

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