Documentário acompanha rotina de vestibulandos em SP e no Rio

'Virando Bicho' estreia nesta sexta-feira em seis Estados e no DF

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Por Carlos Lordelo
Atualização:

A rotina de seis estudantes em ano de vestibular é o fio condutor de Virando Bicho, documentário que estreia nesta sexta-feira, 9, em seis Estados e no Distrito Federal. Além de retratar a busca por uma vaga na universidade, a produção também abre espaço para discussão sobre a própria justiça do vestibular como critério de acesso e outros problemas da educação brasileira, como a valorização do professor. O filme foi gravado em 2010, principalmente em São Paulo e no Rio, em uma parceria entre os diretores Alexandre Carvalho e Silvia Fraiha. Eles encontraram os protagonistas do documentário após entrevistar cerca de 150 estudantes. "A gente escolheu os personagens pela história e pelo comportamento deles diante das câmeras", explica Carvalho, de 34 anos.Virando Bicho acompanha jovens de diferentes classes sociais - e com objetivos profissionais variados. Ex-aluna do Colégio Dante Alighieri, escola de elite de São Paulo, Carolina Fairbanks só pensava na prova da Fuvest. Seu sonho era entrar na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, onde os pais dela se formaram. Já Olívia Zanetti, nascida em Penápolis, mudou-se para a capital paulista para fazer cursinho em busca de uma vaga em Medicina. Também participaram do filme Erick Rocha, que trabalhava como monitor no cursinho e estudava para passar em Direito, de preferência em uma universidade pública, e Renan Campari, ex-jogador de futebol que chegou a largar os estudos para seguir o sonho de muitos garotos brasileiros, mas voltou aos livros quando percebeu que não teria uma carreira promissora nos gramados. Seu objetivo era fazer faculdade de Engenharia Civil. Ainda em São Paulo, o documentário conta a história de Ana Deise de Souza, a única negra entre os protagonistas, que trabalhava durante a semana e frequentava um cursinho comunitário aos sábados, visando a cursar Serviço Social. No Rio, os diretores filmaram a trajetória de Samara Oliveira, ex-aluna de escolas públicas que fazia cursinho para entrar em Artes Visuais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Além dos estudantes, os diretores entrevistaram professores e ex-professores de cursinhos, como o médico Drauzio Varella e o jornalista Heródoto Barbeiro. O psicanalita Contardo Calligaris fala sobre o turbilhão de emoções que cerca o vestibulando, e o frei David dos Santos, coordenador da ONG Educafro, defende o sistema de cotas raciais no acesso à universidade - outro ponto discutido no filme. Os cursinhos são o cenário da maior parte das cenas. O documentário mostra as artimanhas dos professores para conseguir a atenção dos estudantes, o estresse dos simulados e o crescente nível de tensão à medida que as provas se aproximam. Também acompanha cada aluno na hora em que são divulgados os resultados dos vestibulares. "Estava triplamente estressada naquele dia. Primeiro pela própria tensão do momento. Depois por estar ao lado de toda a família. E por último por conta daquela câmera me filmando", lembra Carolina Fairbanks, hoje com 21 anos. "A gente ficou tenso também. Estávamos torcendo por todos", diz Carvalho, codiretor da produção. Carvalho e Silvia também foram a Sergipe. Eles entrevistaram índios da tribo xocó que faziam uma espécie de cursinho pré-vestibular graças a um projeto de extensão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). "Queríamos mostrar a complexidade da questão educacional no País e dos diferentes públicos que se submetem ao vestibular."Cinemas em que Virando Bicho será exibido em São Paulo (capital): Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca Espaço Itaú de Cinema Pompeia Cine Livraria CulturaMais informações: www.virandobicho.com.br.

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