Dívida de US$ 40 milhões com Unesco complica posição do Brasil na ONU

Governo tem até sábado para pagar parcela de US$ 6,8 milhões

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Por Agencia Estado
Atualização:

No momento em que o presidente Luis Inácio Lula da Silva sugere reformas na Organização das Nações Unidas (ONU) e reforça as aspirações do País a uma cadeira permanente no seu Conselho de Segurança, uma dívida de US$ 40 milhões do Brasil junto à Unesco ameaça abalar a credibilidade brasileira. Trata-se de um débito acumulado e rolado ao longo dos últimos dez anos e que tem uma parcela de US$ 6,8 milhões vencendo neste sábado. Se o governo não pagar pelo menos esta parcela mínima, perderá o direito de voto na Conferência Geral da Unesco, realizada a cada dois anos. A próxima reunião começa na segunda-feira. Nestes dez anos de rolagem da dívida, é a primeira vez que a situação chega a ponto tão crítico, com menos de uma semana para a suspensão do direito de voto. E não há sinal do governo quanto à liberação do pagamento. A situação é embaraçosa também para a Unesco, que mantém no Brasil a maior de todas as representações no mundo. ?Além do impacto negativo para as posições do Brasil junto às Nações Unidas, fica muito difícil para os outros países compreenderem esta situação?, afirmou hoje o representante da Unesco no País, Jorge Werthein. Segundo ele, a representação brasileira tem 260 funcionários e um custo operacional de US$ 100 milhões por ano, cobertos com ajuda de diversas parcerias. Werthein cobrou uma decisão do governo brasileiro sobre o assunto: ?É hora de o Brasil mostrar se vai realmente investir em educação?. A Unesco é o braço da ONU para a cultura e a educação, e tem sido o principal parceiro do Ministério da Educação em iniciativas pela melhoria da qualidade do ensino no Brasil. O ministro Cristovam Buarque, que passou o dia com Werthein num seminário sobre educação em Brasília, procurou não entrar em discussão sobre o assunto. ?É uma situação triste?, resumiu. Perder o direito a voto na Conferência Geral da Unesco, que se realiza a cada dois anos, significa não poder influir em políticas internacionais do organismo voltadas para a educação, tendo de responder por elas posteriormente. O Brasil tem atuado bastante na definição de metas mundiais para a universalização do ensino. Para Werthein, entretanto, pesa mais a histórica participação do Brasil na Unesco. ?O Brasil tem uma participação marcante na Unesco, e ela corre o risco de ser quebrada agora.?

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