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Ditado passa a ser cobrado pelo MEC como 'aperfeiçoamento' no ensino de crianças

Especialista critica método. Para muitos educadores, a alfabetização precisa estar atrelada ao contexto da criança para ser efetiva

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Por Renata Cafardo
Atualização:

SÃO PAULO - Pela primeira vez, a prova de alfabetização do MEC terá ditado. A justificativa de usar o antigo método de checar se as crianças sabem escrever corretamente é a de “aperfeiçoamento”. Mas, para a educadora Patricia Diaz, da ONG Comunidade Educativa, o ditado só testa conhecimento mecânico. “É uma pegadinha, o único conhecimento a que a criança pode se apegar é a letra e o som, não tem uma palavra conhecida, um contexto que tenha trabalhado.” Até então, a avaliação tinha muitas questões de leitura de texto, de observação de desenho, e poucas de escrita. 

O ministroanunciouque a alfabetização das crianças será avaliada por meio de amostra Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

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Para muitos educadores, a alfabetização precisa estar atrelada ao contexto da criança para ser efetiva. “Há chance de que o 1º e o 2º anos se tornem um treinamento”, diz Patricia. A última avaliação mostrou que mais de 50% das crianças não tinham desempenho suficiente em leitura e escrita. Elas não sabiam escrever palavras como “porco”. O MEC também vai avaliar este ano a educação infantil, mas com questionários para professores e diretores.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou nesta quinta-feira que a alfabetização das crianças será avaliada por meio de amostra este ano. O exame havia sido cancelado completamente pela gestão do ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, como o Estado revelou. Depois de intensa repercussão negativa, já que a alfabetização é considerada etapa crucial para o desenvolvimento escolar do aluno, a gestão de Jair Bolsonaro voltou atrás.

Até a última prova, em 2016, os exames de leitura, escrita e matemática tinham sido aplicados para todas as crianças do 3o ano do ensino fundamental. Agora, haverá uma amostra de escolas públicas e privadas e o ano avaliado será o 2o, ou seja, crianças de 7 anos e não mais de 8. Essa última mudança já havia sido pedida pelo governo anterior, de Michel Temer. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estipula que as crianças devem estar alfabetizadas até o fim do 2.o ano.