SÃO PAULO - Um grupo de 58 dirigentes da Universidade de São Paulo (USP) publicou uma nota de repúdio à invasão do último encontro do Conselho Universitário, feita por um grupo de alunos e funcionários na terça-feira, 14. Segundo os signatários da carta, os atos foram de "violência e intimidação".
A reunião do Conselho, órgão máximo da instituição, foi interrompida após a entrada à força de quase cem funcionários e alunos na sala de um prédio do câmpus Butantã, na zona oeste da capital. A pauta era a reforma do estatuto da instituição. Foi a segunda vez, em uma semana, em que houve suspensão do conselho por um protesto.
Na carta, distribuída na comunidade uspiana, os dirigentes criticam a ação. "Ações autoritárias e agressivas, como as ocorridas, atacam o ideal democrático e o direito fundamental de liberdade de expressão", diz o texto. Além de contrariar as normas da universidade, ressalta o documento, a invasão viola leis e a Constituição.
Os diretores de unidades também ressaltam a necessidade de usar os colegiados e representantes legitimamente indicados para discutir as questões da USP. "Invadir o Conselho com pleitos externos e alheios à pauta de trabalho para intimidar os seus membros e forçar posições é ato injustificável, mormente diante da existência de canais oficiais de manifestação". Condenam ainda os danos ao patrimônio público causados pelos protestos.
Invasão. Na terça-feira, 14, o grupo arrombou as portas do auditório onde ocorria o conselho após fazer protesto em frente ao local. Ao entrar, os invasores gritaram palavras de ordem e hastearam bandeiras. Assustados, professores buscaram saídas alternativas ou o canto da sala. O reitor, Marco Antonio Zago, foi escoltado por mais de dez vigilantes até o carro, sob vaias.
Segundo manifestantes, houve o arrombamento porque a reitoria barrou a entrada de quatro membros do movimento negro, que não integram oficialmente o conselho. O grupo também era contrário à proposta de votação do estatuto que era debatida no conselho.