Diagnóstico da discalculia só veio aos 55 anos

PhD em Ciência Política pela Universidade de Chicago sempre foi mal em matemática

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Por Mariana Lenharo
Atualização:

O cientista político Alexandre Barros sempre foi mal em matemática. Hoje PhD em Ciência Política pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, na infância e adolescência chegou a pensar que era incompetente, já que não conseguia multiplicar ou dividir como seus colegas de classe. “Todo o período escolar foi um horror. Fui sempre empurrado para professores particulares de matemática.”

 

O primeiro “grande fracasso” foi em um exame para ser admitido no antigo ginásio: não chegou à nota de corte em matemática.

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Barros, 68 anos, só foi descobrir a discalculia aos 55 anos, quando já era um profissional reconhecido em sua área e tinha passado por vários dos obstáculos que o distúrbio poderia lhe causar. Um amigo que lhe ditava um número de telefone percebeu que Barros havia anotado os números numa ordem diferente, e disparou: “você tem dislexia”.

 

Surpreso, o cientista foi procurar saber mais sobre o assunto e descobriu que tinha um problema parecido com a dislexia. “Descobrir que era discalcúlico lavou a minha alma”, lembra.

 

Afinal, a dificuldade com números tinha um nome e não era “burrice”. Isso o confortava. Como foi possível conviver esse tempo todo com a disfunção sem descobrir sua existência?

 

“Sempre fugi para onde não tinha matemática. Simplesmente escapulia dos números”, diz.

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Na graduação, Barros foi fazer Ciências Sociais, curso focado em disciplinas da área de Humanas. Mas no dia a dia a discalculia ainda o afeta. Ele relata que não consegue conferir o troco rapidamente. “Sei que, se compro algo de R$15 e der nota de R$20, preciso receber R$5 de volta. Mas, se o produto custa R$ 5,23, não consigo fazer a conta.”

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