Leonardo, de 11 anos, senta-se à vontade na cadeira. Pernas abertas, roupas largas e espirituoso, ele se queixa da rigidez de sua escola. Gustavo, de 14 anos, coluna reta, fica sério. Só fala quando é perguntado e já sabe que vai fazer faculdade na área de Exatas. Irmãos com perfis e idades diferentes, eles desafiam os pais a achar a escola ideal para cada um.
A troca de colégio dos meninos ocorreu por conta da mudança de endereço – em 2006, a família saiu do Alto da Lapa e foi para o Alto de Pinheiros, ambos na zona oeste de São Paulo. Pensando no aspecto prático, a assistente executiva Fernanda e o empresário Flávio Sato puseram os filhos numa escola perto da nova casa, religiosa.
Leonardo sentiu a diferença. “O Gustavo é pragmático, se adapta melhor. O Leo é mais emocional. O colégio atual o desestimulou e as notas decaíram”, diz a mãe. Para o pai, alguns docentes perseguem crianças que fogem aos padrões de disciplina da escola – cujo nome ele prefere não citar.
O casal procurou ajuda de uma psicopedagoga para lidar com o problema. “Nosso erro foi não dar opção a eles. Entendo que o Leonardo tenha sentido descompromisso com a nova escola, por não ter sido uma escolha da qual participou”, admite Fernanda.
De início, os pais pensaram em escolas com pedagogia construtivista para Leonardo, pelo ensino mais individualizado. O garoto tem um perfil questionador e está adiantado em relação aos colegas (no 7.º ano, convive com alunos de 13 anos). Depois decidiram seguir a vontade do menino.
“Concluímos que o Leo precisa voltar ao último referencial que teve para se reencontrar”, afirma Fernanda, que matriculou o filho no Colégio Madre Paula, onde ele estudava antes da mudança. Gustavo, por sua vez, visitou o Bandeirantes com o pai – e está decidido a estudar lá.
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A escolha do colégio de Luiz Otávio, de 5 anos, também depende da opção entre escolas tradicionais e alternativas. A dona de casa Maria Aparecida Moreira iniciou a peregrinação no começo do ano para matricular o filho no fundamental. O primeiro passo foi olhar os colégios perto de casa. No primeiro, teve uma decepção. “Fui recebida pela equipe de uma forma meio fria e impessoal.”
Nas outras duas escolas, a mãe achou as instalações muito pequenas. “Ele já mora em apartamento, quero que tenha um espaço legal para brincar.”
A quarta escola que Maria Aparecida procurou, a Santa Marcelina, é onde ela pretende deixar o filho. “No primeiro contato com a secretaria, já tive uma ótima impressão.”
No ano passado, o Estadão.edu mostrou o dilema dos pais de Valentina, de 6 anos. A atriz Mirtes Ladeira queria ver a filha numa escola tradicional; o marido, o músico André Namur, preferia uma alternativa. Venceu a praticidade.
“Decidimos por uma escola perto de casa que, por acaso, é tradicional”, conta Mirtes, que mora em Perdizes, zona oeste. “Estamos felizes. Meu marido ainda faz ressalvas quanto à imposição de uma religião pela escola, mas a Valentina gosta.”