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Deficientes vencem o desafio do novo idioma

Material adequado e a companhia dos outros alunos garante bom desempenho no aprendizado. E as escolas abrem suas portas

Por Agencia Estado
Atualização:

Para muitas pessoas com deficiência visual e auditiva, transpor a barreira da língua materna já é um desafio ultrapassado: o alvo atual está nas aulas de inglês, espanhol, italiano e outros idiomas. Freqüentadores regulares das escolas, com os outros alunos, eles não se intimidam com o estranhamento inicial. Usam material em braile, fazem leitura dos lábios, contam com programas avançados de computador e, o mais importante, têm vontade e disposição. "Comecei a estudar porque era importante para mim, queria fazer parte da escola junto com amigos meus. E foi tudo bem. Tive dificuldades nos exercícios de fala, mas consegui", conta Wagner Secato, de 26 anos, que tem deficiência auditiva. Italiano Nas aulas, os principais materiais de Secato eram a leitura dos lábios e o aparelho para audição - que faz com que ele ouça alguns sons. Quatro anos depois, ele terminou todos os estágios de inglês e espanhol do Fisk de Porto Feliz, interior do Estado. Fez a prova do Toefl (exame de proficiência), foi dispensado da parte oral, e já pensa no futuro. "Tenho um CD de italiano, estou começando a aprender." Além do Fisk, outras escolas já têm alunos com deficiência. A rede Yázigi desenvolveu até um material especial em braile. A Cultura Inglesa mandou traduzir as provas e o exame final. Bom aproveitamento "Pelos boletins, eles têm um aproveitamento bom, com notas acima de 70. O que varia é o ritmo de aprendizado, mas isso independe da deficiência, faz parte das características de cada um", diz Lizica Goldcheleger, da Cultura Inglesa. A deficiência visual também não impediu Marcelo Kendi Itikawa, de 19 anos, aluno do segundo ano de Hotelaria. Para ajudar a chegar no nível avançado de inglês, ele teve a ajuda do computador e da mãe - que traduzia parte do material para o braile. "Tenho apoio em casa, que ajuda bastante. E é uma coisa que eu gosto muito." Junto com os outros A participação na mesma classe dos outros alunos e o uso de material adequado são as principais recomendações para o ensino de quem tem algum tipo de deficiência, afirma Mari Cristina Godoy Cruz Filippe, pedagoga especializada em deficiência da Fundação Dorina Nowill, que trabalha com cegos. "É importante que a pessoa esteja dentro da sala, com outros alunos. E que a escola receba e forneça material didático adequado. Com isso, ele vai ser participativo da mesma forma que os outros." Especializada em deficiência auditiva, a fonoaudióloga Cláudia Cotes explica que pessoas com deficiência visual têm maior facilidade para esse aprendizado. "Eles podem ter dificuldades para entender alguns conceitos, de coisas que eles nunca viram e não sabem como são. Mas ouvem e conseguem reproduzir os sons", diz. Segundo ela, apenas deficientes auditivos oralizados, ou seja, que conseguem ler lábios e reproduzir os sons, podem participar das aulas normais de idiomas. "Os que tem perda profunda da audição precisariam de um professor que soubesse a língua dos sinais."

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