Se dependesse do presidente da Associação Nacional dos Inventores (ANI), Carlos Mazzei, o aparelho, chamado de Poupa Água, já estaria no mercado há tempos. "Eu mesmo gastei R$ 6 mil com um problema de encanamento na minha casa. As tubulações de hoje são uma bomba relógio, porque ficam cada vez mais velhas e correm o risco de estourar a qualquer momento", comenta. Segundo dados da Sabesp, um cano com um furo de apenas dois milímetros pode desperdiçar até 3.200 litros de água por dia, o equivalente a 267 descargas de um vaso sanitário comum. Para Mazzei, que ajuda inventores a negociar projetos com empresas, a criação do arquiteto André, patenteada em fevereiro, tem um grande potencial lucrativo. "É uma ideia extremamente criativa e que vai se pagar rapidamente, porque evita a perda de água e de dinheiro", explica.
De acordo com os cálculos do inventor, que investiu R$ 20 mil no protótipo do Poupa Água, o preço de mercado do aparelho giraria em torno de R$ 500,00. Só em 2009, a Sabesp gastou R$ 261 milhões para consertar vazamentos e trocar redes de abastecimento em todo o Estado. Questionada sobre as vantagens que essa invenção poderia trazer no combate ao desperdício, a companhia informou que não tem condições de se manifestar sobre um produto que desconhece e que "ainda não está no mercado". Na falta de propaganda, André explica como funciona seu aparelho: "É como um celular pré-pago, em que a água representa os créditos e você gasta o mínimo possível."
Segundo os critérios da Organização das Nações Unidas (ONU) para o consumo de água, os paulistanos estão longe de gastar o mínimo possível. Enquanto uma pessoa consegue satisfazer suas necessidades básicas - beber, cozinhar, lavar roupa, tomar banho - com 110 litros por dia, em São Paulo esse número salta para 220 litros/dia. "As pessoas não têm noção de que a água potável é um recurso escasso no planeta", diz André. "Só espero que alguém acredite no meu projeto, porque ele não é apenas uma forma de economizar dinheiro, mas também uma maneira de contribuir com o meio ambiente", argumenta o inventor.
LUÍS FERNANDO SOARES CARRASCO É ALUNO DA FACULDADE CÁSPER LÍBERO