Da Baixada Fluminense para os Estados Unidos

Programa bilíngue em escola estaduais do Rio prevê até 90% do conteúdo de Matemática e Geografia ministrados em inglês

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Por Danielle Villela
Atualização:

RIO - O sorriso de Lucas Martins Carvalho, de 16 anos, revela a alegria com a proximidade da partida de Belfort Roxo, na Baixada Fluminense, para um intercâmbio nos Estados Unidos. Lucas é um dos 630 alunos do Ensino Médio Intercultural, programa bilíngue oferecido desde 2014 na rede pública estadual do Rio. Quatro escolas compõem o sistema, com ensino em inglês (Nova Iguaçu, Baixada Fluminense), espanhol (Méier, zona norte do Rio), francês e mandarim (ambas em Niterói, região metropolitana).

No segundo ano, Lucas tem aulas das 7 às 17 horas na unidade de Nova Iguaçu. Além da carga horária prevista no currículo convencional, 10% das aulas de todas as disciplinas e 90% do conteúdo de Matemática e Geografia são ministrados em inglês. A escola tem convênio com o condado de Prince George, em Maryland, Estados Unidos, e apoio do Consulado-Geral americano.

Filipe Trindade e Lucas Carvalho, ambos de 16 anos, foram aprovados para fazer intercâmbio nos Estados Unidos Foto: Fábio Motta/Estadão

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“No começo foi um pouco confuso, mas já acompanho as aulas com tranquilidade. Vou expandir meus horizontes”, diz Lucas. Um dos dez selecionados pelo Programa Global Citizens of Tomorrow, parceria da ONG AFS Intercultural Programs e da British Petroleum (BP), ele terá todas as despesas pagas durante um ano.

Com viagem prevista para o fim de agosto, Lucas sonha seguir carreira na área de Relações Internacionais e aguarda a definição da cidade e da família que vai hospedá-lo. “Quero mostrar aos jovens da Baixada que tudo é possível com apoio da família e da escola.”  Também aluno da escola de Nova Iguaçu, Filipe Trindade, de 16 anos, parte hoje para um curso de verão de um mês na Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos. “Me esforcei muito para isso. Terei aulas de inglês e de desenvolvimento de habilidades acadêmicas.” Filipe, que quer seguir carreira na área de História ou Letras, nunca havia estudado inglês antes e foi selecionado pelo Programa Education USA, do Consulado americano.

Europa. Igor Martins dos Santos, de 17 anos, tem como destino a França. No segundo ano da unidade com ensino em francês em Niterói, ele passará dez dias no país e será o único brasileiro entre 50 jovens selecionados pelo programa Geração Bilíngue 2015, do Institut Français, com o apoio da Embaixada e do Consulado da França. “Vou aprimorar meu francês e conviver com jovens do mundo todo.”

A troca de experiências no idioma estrangeiro é rotina para todos os alunos do Ensino Médio Intercultural e não só para os que viajarão para o exterior. As escolas do sistema recebem apoio pedagógico de instituições estrangeiras.

“Os alunos falam com frequência via Skype com professores e estudantes das instituições parceiras. O objetivo é oferecer proficiência bilíngue”, diz Patrícia Tinoco, subsecretária de Gestão de Ensino da Secretaria de Estado de Educação. Segundo ela, Alemanha, Itália e Turquia demonstraram interesse em participar do sistema.

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Última a entrar em funcionamento, em janeiro, a escola de Niterói com ensino em mandarim teve adaptações. Como os professores convidados da Universidade de Hebei, na China, não falam português, as aulas são ministradas em inglês.

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