Da Amazônia para a Terra Santa

De origem judia, Ruth Gerzvolf viajou 10.696 quilômetros para estudar em Jerusalém

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Por Carlos Lordelo
Atualização:

Antes de entrar em lugares fechados, Ruth Gerzvolf, de 27 anos, precisa passar por detectores de metais. Amigos dela já tiveram os carros apedrejados quando circulavam em bairros árabes. Na faculdade, sempre causam polêmica os debates sobre Irã ou Palestina. Por outro lado, Ruth tem amigos de vários países, estuda em uma das melhores universidades do mundo e vislumbra boas oportunidades profissionais após a formatura.

 

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Nascida em Manaus, de origem judia, Ruth mora há quase 4 anos em Israel. Largou tudo no Brasil atrás do sonho de viver em Jerusalém, onde cursa simultaneamente Relações Internacionais e Estudos Românicos e Latino-Americanos na Universidade Hebraica. “As aulas são em hebraico, mas quase 90% do material didático é em inglês. O país decidiu que seria mais barato ensinar um bom inglês nas escolas do que traduzir todos os livros.”

 

A estudante quis mudar-se após conhecer o país numa viagem bancada pela organização Taglit-Birthright. Voltou para o Brasil, conversou com os pais e preparou a papelada. Fez aliá (emigrou) com ajuda do governo israelense, que pagou as passagens e a estadia, durante dez meses, num centro de absorção de imigrantes. Lá, Ruth teve as primeiras lições de hebraico. E conheceu o noivo, um policial judeu argentino com quem mora atualmente.

 

Depois de ter atingido o nível mínimo de proficiência em hebraico exigido pela universidade, Ruth matriculou-se em RI. Descobriu, então, que deveria fazer outra graduação. “É uma forma de preparar melhor os estudantes. Com duas carreiras há mais chances de conseguir emprego”, afirma. No Brasil, ela já havia cursado três anos de Engenharia Elétrica na Federal do Amazonas e um ano de Direito numa faculdade particular. “Não precisei fazer prova de admissão. Eles olharam minhas notas da Ufam e fizeram um cálculo para saber se eu alcançava a média. Fui aceita.”

 

Ruth pensa em voltar ao Brasil só para visitar a família e os amigos e matar a vontade de comer farinha. “Nunca pensei em desistir. Embora o clima aqui seja tenso, a sensação de segurança que existe nas ruas não tem preço”, diz. “Em Israel há muito mais oportunidades de se ter uma vida decente, não importa em que se trabalhe, basta não ter medo de trabalhar.”

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