Cristovam volta a pedir mais verba para educação

O governo do PT corre o risco de fracassar na área social por falta de dinheiro e excesso de burocracia, alertou ontem o ministro da Educação

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo do PT corre o risco de fracassar na área social por falta de dinheiro e excesso de burocracia, alertou nesta segunda-feira o ministro da Educação, Cristovam Buarque. "Depois de seis meses de governo, a gente começa a se acostumar a ver meninos nas ruas com olhos tolerantes", disse o ministro, ao discursar para uma platéia de 300 funcionários do MEC, durante reunião convocada para a apresentação das diretrizes do ministério para este ano. Cristovam lembrou que os petistas, antes de chegar ao poder, costumavam criticar o governo pela inoperância na área social, mas agora, diante das dificuldades, começam a tolerar a falta de resultados: "A gente vai caindo numa indiferença. É o maior medo que eu tenho. Refiro-me a todo o governo, que tem sim uma proposta, um compromisso revolucionário." O ministro lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito para mudar o Brasil. "Não vale a pena fazer tudo isso se a gente senta na cadeira e fica administrando o dia-a-dia de nossas secretarias. Não vai servir de nada. Foi uma perda de tempo. Foi apenas fazer de conta mais uma vez, neste País: o País do fingimento." Em entrevista concedida ao final da reunião, Cristovam tratou de esclarecer que não percebe indiferença nos ministros e no presidente, mas, apesar disso, está preocupado com o futuro. Durante o discurso, Cristovam, que está empenhado em obter mais recursos para o MEC, disse que é preciso ser ousado para driblar a escassez de verbas. Tesoura "A primeira maneira de enfrentar a falta de recursos é a criatividade para não precisar de muitos recursos", recomendou. "Nas conversas, vejo muita gente recolhendo-se e apequenando-se diante da perspectiva da falta de dinheiro para fazer as coisas", prosseguiu. "A tesoura dos sonhos tem de ficar sempre na mão de outras pessoas, não nas mãos de quem sonha.? Ao pedir criatividade e austeridade, Cristovam disse estar convencido de que há recursos suficientes. Calculou que para realizar as ações traçadas pelo MEC serão necessários mais R$ 20 a R$ 25 bilhões, além dos mais de R$ 52 bilhões que são gastos pelos municípios, Estado e União, anualmente. "Não é pedido estapafúrdio num País com R$ 1,5 trilhão de renda nacional esperada para o próximo ano, mesmo sem crescer." Ele defende que a verba extra saia dos três níveis de poder. Cristovam enfatizou que o orçamento deste ano foi herdado da administração passada. "A cara do governo do PT vai ser conhecida com o orçamento de 2004." O ministrou definiu a burocracia como "maior fábrica de indiferença", por ser capaz de aprisionar governos, por mais bem-intencionados que eles sejam. "Se um documento demora mais de um dia para ser feito, tem alguma coisa errada", advertiu o ministro.

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