Cristovam vê fingimento na educação do País

Num momento em que se especula que ele deixará o cargo, ministro da Educação disse que sua pasta investe pouco e cobrou mais R$ 25 milhões anuais para o ensino público brasileiro

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Educação, Cristovam Buarque, disse nesta terça-feira que sua pasta contribui pouco com os investimentos em educação básica e afirmou que o País precisa destinar mais R$ 25 bilhões por ano ao sistema de ensino. Cristovam disse também que é "fingimento" afirmar que, só porque estão matriculados, crianças e jovens do País estão aprendendo. "O Brasil inteiro precisaria gastar pelo menos mais R$ 25 bilhões por ano. Assim passaria de R$ 54 bilhões para praticamente R$ 80 bilhões, o que significaria 7% do Produto Interno Bruto (PIB), que é o que gasta qualquer país que quer dar um salto na educação", disse Cristovam, em entrevista à Rádio CBN. "Se não fizermos isso, vamos continuar fingindo que educamos. Noventa e cinco por cento estão matriculadas, mas isso não é sinônimo de frequência. Freqüentando as escolas, é um número muito menor. Um país só pode dizer que tem todas as crianças na escola quando todas terminam o ensino médio." Cristovam afirmou ainda que "não adianta querer resolver a educação enquanto os professores ganharem uma miséria". E completou: "Temos de canalizar mais recursos para isso." Cargo ameaçado O ministro deu a entrevista num momento em que se especula que ele deixará o cargo numa possível reforma ministerial. A hipótese de Cristovam deixar o MEC tem sido comentada por secretários estaduais de Educação. Especialistas ouvidos pelo Estado concordam com o ministro na crítica ao sistema educacional. Para eles, a raiz do analfabetismo funcional de 67% entre os brasileiros, conforme revelou a pesquisa Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional da Fundação Paulo Montenegro/Ibope e da Ação Educativa, está na baixa qualidade da escola. Os educadores questionam se o Brasil não estaria "enxugando gelo" ao dar prioridade aos 20 milhões de analfabetos absolutos, que jamais freqüentaram escola, enquanto continua formando pessoas que sabem ler e escrever, mas são incapazes de entender textos simples. Apesar disso, o primeiro grupo é alvo de um ambicioso programa lançado pelo governo federal, que pretende erradicar o analfabetismo até 2006.

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