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Cristovam detalha a Bolsa-Alfa, que paga para quem aprede a escrever

Na reunião com o CNE, o ministro da Educação sinalizou com mudanças na estrutura do conselho, que entre outras atribuições autoriza a abertura de cursos superiores

Por Agencia Estado
Atualização:

A exemplo do que fazia quando era governador do Distrito Federal, o ministro da Educação Cristovam Buarque quer lançar o Bolsa-Alfa, um incentivo financeiro, para atrair analfabetos para a escola. O dinheiro será dado assim que o aluno conseguir escrever a primeira carta, em sala de aula. "Isso significa que ele aprendeu a ler e a escrever", explica o ministro, que não tem idéia do valor da bolsa, que dependerá da identificação das fontes. No Distrito Federal, o ministro pagava R$ 100 a cada aluno. A bolsa não é mensal, para não se transformar em "salário indireto". É dada uma única vez, como prêmio. De acordo com o ministro, o objetivo do governo ao dar a Bolsa-Alfa é atrair as pessoas e convencê-las a estudar. Sem o incentivo somado ao voluntarismo de alfabetizadores, Buarque diz que dificilmente o governo conseguirá atingir a meta de alfabetizar 20 milhões de pessoas em quatro anos. Após visita ao Conselho Nacional de Educação (CNE), o ministro anunciou que os pais e mães de crianças inscritas no Bolsa-Escola serão os primeiros a participar do programa de alfabetização de adultos do governo Lula. O ministro defendeu a definição desses dois grupos como alvos prioritários do programa pela facilidade de localizar as pessoas que pertencem a eles. "Sabemos onde eles estão, temos o endereço", disse. "Nós temos de ir ao encontro do analfabeto e não ficar esperando que eles venham até nós." Pelos cálculos de Cristovam Buarque, 5 milhões de pais de alunos do Bolsa-Escola e 10 milhões de aposentados rurais são analfabetos. A não adesão dos pais ao programa de alfabetização não implicará corte do Bolsa-Escola para não prejudicar a criança. O ministro também prevê que outros grupos sociais facilmente identificáveis - e que portanto poderão ser atingidos pelo programa de alfabetização - são os presidiários e os recrutas. Ele considera importante ensinar recrutas a ler porque são jovens e, portanto, fazem parte do grupo que dará maior retorno social. O grande problema para Buarque é estruturar a logística do programa, que inclui desde a identificação dos analfabetos ao recrutamento de pessoas que possam ensiná-los a ler e a escrever. Para promover a "abolição dos analfabetos", no governo Lula, ele estima que seriam necessários entre 200 mil e 500 mil professores. Inicialmente, o ministro pensou em empregar apenas universitários, em caráter obrigatório. Mas agora a participação é voluntária e estará aberto a qualquer interessado. O ministro também pretende empregar professores que receberão pagamento por essa atividade extra. Na opinião de Buarque, cada brasileiro deveria alfabetizar alguém que estivesse a seu alcance. O programa somente deverá ser lançado dentro de três meses. Na reunião com o CNE, Cristovam Buarque sinalizou com mudanças na estrutura do conselho, que entre outras atribuições autoriza a abertura de cursos superiores. Ele quer a participação de mais representantes da sociedade.

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