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Cristovam: cursos públicos gratuitos podem se tornar pagos

Ministro diz estranhar a existência de cursos gratuitos para formar advogados que ludibriam o fisco; ou médicos que fazem cirurgia plástica em ricos velhos

Por Agencia Estado
Atualização:

As universidades federais poderão ter alguns cursos pagos pelos alunos, enquanto cursos oferecidos por instituições privadas poderão ser financiados pelo Estado. Essa poderá ser uma das conseqüências do trabalho do grupo interministerial que prepara o texto da reforma universitária, segundo o ministro da Educação, Cristovam Buarque. Em visita a Lisboa, ele disse também que em setembro será realizado o primeiro provão para professores do ensino fundamental. Os aprovados receberão um aumento de 30% em seus salários, quantia custeada pelo governo federal. Ao falar da discussão sobre a gratuidade do ensino, o ministro comentou: "Eu acho estranho a gente pagar com dinheiro público para a Faculdade de Direito ensinar um jovem advogado a como ludibriar o Fisco, como assessor das empresas - dentro da lei, é claro. Mas, se ele vai aprender como o cliente dele não paga imposto, pelo menos que ele pague para estudar." O ministro citou ainda outro exemplo: "Quando você põe um jovem para estudar Medicina, você não pode garantir que ele não vai fazer cirurgia plástica para rejuvenescimento de ricos velhos", disse o ministro, franzindo os olhos e apontando as rugas em seu rosto. "Ou se ele vai trabalhar com a mortalidade infantil das crianças pobres." Cristovam propõe mudar o conceito de ensino público e ensino privado. "O ensino público tem de ser gratuito. A gente vai discutir se vai ser público ou não público. Há cursos na universidade estatal que são de caráter privado. Beneficiam apenas o aluno. E pode haver cursos de universidades privadas que atendam aos interesses sociais." Provão- Cristovam voltou a falar do primeiro provão para professores que o MEC fará em setembro. A avaliação será voltada aos docentes que trabalham para as redes estaduais e municipais de ensino. "Os que passarem vão receber um certificado federal e 30% de aumento de salário com dinheiro federal." Com a avaliação, disse o ministro, a União passaria a intervir mais diretamente na qualidade do ensino fundamental e médio, níveis que dependem quase totalmente de Estados e municípios.

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