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Criatividade aplicada em processos ou áreas específicas

Especializações podem ser especificamente sobre design thinking ou dedicadas a ensinar como a metodologia pode ser útil para melhorar a resolução de questões dentro de campos do conhecimento

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Por Redação
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Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a grade do curso de Especialização em Design Thinking e Inovação mostra aplicações inusitadas para o conceito. “Entre alguns casos mais relacionados ao mercado brasileiro, ligados a necessidades imediatas da sociedade, estão soluções voltadas à segurança pública, visando ao combate à criminalidade, design contra o crime”, diz Maurício Bernardes, coordenador da pós. 

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Potencial para o uso não falta, acrescenta. “Podemos usar o design thinking para criar iniciativas para redução de consumo de energia elétrica, pensar questões ligados ao agronegócio ou alternativas para aumentar a eficiência no atendimento do SUS, dentre outras.”

Na grade da especialização da UFRGS há disciplinas como Cases de Inovação pelo Design, que debate exemplos bem-sucedidos de produções nas quais o design thinking se destacou. Outra é o Design Thinking e Empreendedorismo. “Um de nossos alunos, professor de uma escola privada de Porto Alegre, criará um formato de exploração de oportunidades para instigar o espírito empreendedor em alunos do fundamental e ensino médio”, comenta Bernardes.

Enquanto algumas instituições de ensino enriquecem seu portfólio, outras se especializam exclusivamente no método. De forma autorreferente, a Escola Design Thinking oferece 17 opções de formação, com cursos de variam de 16 horas a 170 horas de duração. “Nosso portfólio atende tanto indivíduos como empresas. E nosso perfil de alunos varia do recém-formado em busca de melhor qualificação até executivos C-Level e gerentes seniores que buscam se atualizar frente ao mundo de constantes inovações”, explica Atus Palomo, gerente de marketing da escola. 

Criada em 2012, a escola já atendeu 18 mil alunos e tem como premissa promover a criatividade não somente em suas aulas, mas também por meio da própria estrutura. Seus espaços são adaptáveis para permitir diversas montagens. “Isso significa, na prática, que as mesas de trabalho, os quadros brancos e os boards para a fixação de post-its são móveis, permitindo a reconfiguração da sala pelos próprios alunos”, diz Palomo. 

Saúde

Na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o curso Inovação e Design na Saúde busca dar suporte para que os profissionais da área acompanhem os avanços do setor com a metodologia criativa. “O objetivo é beneficiar as instituições de várias formas: no desenho da jornada do paciente e da equipe no hospital; no estímulo à inovação e ao trabalho em equipe; na redução de desperdícios e melhoria de processos; na motivação e no treinamento dos funcionários”, diz Claudia Araújo, professora da FGV que também atua no Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Como o design thinking ajuda a criar práticas com o ser humano como elemento central, sua aplicação deve ser inerente à área da Saúde, comenta Araújo. “Aplicar a forma de pensar do designer significa desenhar os processos com empatia e zelo pela experiência do paciente. Outro atributo oportuno para o setor é o estímulo ao trabalho em equipe. Na Saúde, o valor é produzido e entregue por uma equipe multidisciplinar.”

Claudia Araújo,professora da FGV. Foto: FGV

Ex-aluna do curso, Rute Freitas atua como diretora de operações no Hospital Sírio-Libanês, responsável tanto por setores administrativos e de negócios como por áreas clínicas, o que inclui assistência aos pacientes. “O método me estimulou a fomentar a colaboração de vários olhares. Do paciente, funcionários, fornecedores. As soluções nascem em um processo de cocriação que resulta em ações inovadoras, fruto de numerosos insights, alguns dos quais vários profissionais nunca haviam pensado antes.

Direito

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Se áreas tradicionais como as médicas são beneficiadas com as formas de pensamento imaginativas dos designers, as escolas procuram mostrar que o mesmo pode acontecer em outros setores consagrados e extremamente regrados, como o Direito. É o que explica Marília Cardoso, responsável pelo curso de curta duração Direito 4.0: Inovação para Advogados, na Escola Superior de Ética Corporativa Negócios e Inovação (Eseni).

“O design thinking é uma das melhores metodologias para quebrar paradigmas. Com ela, não existem certezas ou verdades absolutas. Tudo precisa ser questionado e entendido a partir dos conceitos de empatia, colaboração e experimentação. Para os advogados, que estão muito acostumados a buscar jurisprudências e seguir regras, é um grande despertar. Eles descobrem novas formas de pensar, nas quais é necessário desconstruir para reconstruir.”

Marília Cardoso,responsável pelo curso de curta duração da Eseni. Foto: Eseni

Cardoso vê o avanço tecnológico no universo forense como um dos motivos para que a criatividade esteja em um patamar fundamental. Startups focadas em soluções que aceleram processos civis, tributários, trabalhistas ou previdenciários são exemplos nos quais o design thinking atua para combater a morosidade do sistema. “Há muitas funções operacionais no mundo do Direito e a tecnologia é muito melhor que os seres humanos para fazê-las. Sendo assim, os advogados devem automatizar funções processuais e se dedicarem mais às atividades criativas, o que é a habilidade do século 21.”

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